segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Papelão à moda Dunga


A convicção advinda da vitória sobre o Equador, embalada pelo oba oba global e pelo Maracanã lotado, como se esperava, durou muito pouco. Assim como na Copa América, em que venceu a Argentina e apagou um histórico de atuações ridículas, o Brasil fez, em Lima, outro jogo sem inspiração e colheu mais um resultado decepcionante.

A sexta partida seguida sem vitória em Eliminatórias, como se esperava, foi de muita correria e jogo físico, especialmente por parte dos peruanos. O Brasil, como contra a Colômbia, prendeu os volantes e laterais, minando, assim, a criação de situações ofensivas fora do script previsto. Ou seja, dependeu exclusivamente de seus homens de frente. Enquanto Gilberto Silva e Mineiro - dois jogadores em nítida má fase - tocavam a bola e esperavam o tempo passar, as presenças de Maicon e Gilberto pouco significavam para a equipe, ainda que Farfán e Mendoza representassem perigo.

Ronaldinho, cuja forma física foi motivo de celeuma da imprensa ao longo da semana, não teve a inspiração e a mobilidade que um jogo no Monumental de Lima normalmente pede. Imaginar Elano ou mesmo Diego, no time titular, seria uma opção mais natural. Mais uma vez, o time se mostrou dependente de Robinho, que não esteve bem, e de Kaká, novamente o melhor em campo com camisa amarela.

Outro ponto a se tocar, também, é a indiferença que parece cada dia mais nítida. Encarar as Eliminatórias como mera formalidade, mesmo que alguns times sejam frágeis, não é uma receita aceitável, tampouco adequada. Seleções fracas como Peru e Venezuela, ou mesmo melhores como Chile, Uruguai e Paraguai, têm jogado no limite físico e mental, patamar onde o time de Dunga precisa se equiparar.

Pode parecer uma perseguição simplista, mas todos os problemas desta seleção esbarram no trabalho de Dunga. Sempre lembrado por sua inexperiência na função, o treinador tem tido dificuldades, por exemplo, em ensaiar jogadas de bola aérea, ou mesmo, de incrementar alternativas táticas ao time. Para não falar de outros pormenores.

Sem identidade e também sem vontade, o Brasil de Dunga pode ser uma presa fácil para oponentes como Chile, Paraguai e Uruguai. A resposta inicial deve ser dada na próxima quarta, no Morumbi, no primeiro jogo duro da seleção brasileira nas Eliminatórias. Até aqui, acredite, só teve moleza. E, mesmo assim, os brasileiros fizeram apenas cinco pontos.

Uruguai 2 x 2 Chile

Jogo bastante interessante e de muito arrojo por parte das duas equipes. Pelo lado uruguaio, muitos méritos para o que jogaram Gargano, que precisa ser titular, e Luis Suárez, o melhor jogador da rodada. Forlán, jogando na função de Abreu, pode fazer dos celestes uma equipe ainda mais veloz e insinuante, característica que não pode ser desprezada, como na escalação para o duelo da rodada anterior, em Assunção.

O time de Marcelo Bielsa, outra vez, mostrou ser bastante interessante e totalmente diferente do que montava Nelson Acosta. Bastante pertinente a entrada de Villanueva, que alterou o panorama, mesmo deslocado para a ponta-esquerda. Faltou, porém, maior segurança defensiva para segurar o resultado. Este, aliás, construído a partir do faro de gol de Marcelo Salas, cuja recuperação é mérito de El Loco Bielsa.

Paraguai 5 x 1 Equador

Ver os paraguaios com um 4-3-3 ousado, convenhamos, não é nada comum. Pois em casa, diante dos tricolores equatorianos, Gerardo Martino confiou nas boas fases de Cabañas, Santa Cruz e Váldez, que justificaram a aposta. Barreto e Riveros, além do bom lateral Vera, também fizeram um jogo bem interessante. Cabe, ainda, abrir o olho para Néstor Ayala, que atuou cerca de dez minutos e deixou ótima impressão, com um gol e outra bela jogada.

Os equatorianos, como já vinha sendo, foram uma equipe com pouquíssima confiança, disposição e segurança defensiva. Benítez fez o que pôde lá na frente, mas isso foi quase nada, dada a fase ruim de Edison Méndez. Confirmada a saída de Luis Fernando Suárez, há de se esperar alguma reviravolta. Caso contrário, La Tri brigará pelas últimas posições, ao contrário do que se viu em 2002 e 2006.

Argentina 3 x 0 Bolívia

Diferentemente de Dunga, o experiente Alfio Basile vai criando interessantes alternâncias táticas para os albicelestes. Contra a inofensiva Bolívia, experimentou um arrojado 4-2-1-3, bastante viável, aliás. Com Tévez, Messi e Agüero, além de Crespo também convocado, o apelo pelo ataque se justificava. Como contra a Venezuela, porém, faltou mais vontade de convencer. Os três pontos e mais um resultado positivo, porém, abafam as críticas, incapazes de atingir Riquelme, novamente em atuação de gala.

Colômbia 1 x 0 Venezuela

O primeiro gol e a primeira vitória da Colômbia, na terceira rodada, saiu dos pés do gremista Bustos, ausente nas jornadas anteriores. Um dos melhores colombianos em campo, ele fez parte de um esquema tático, mais uma vez, engessado e de pouca criatividade. Nesse sentido, os venezuelanos poderiam até ter tido mais personalidade e trazer, de Bogotá, um resultado melhor que a apertada derrota sofrida.

Fotos: Uol

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa vantagem é que as eliminatórias da Conmebol são, de longe, as mais tranquilas. Dificilmente - a não ser que aconteça um desatre que nem o Dunga, com seus esquemas "indigeríveis", pode proporcionar - o Brasil ficaria de fora do Mundial de 2010.

O triste é ver o país mais bem servidos de craques no mundo, ter que aturar Gilberto na esquerda, Gilberto Silva e Mineiro como volantes, e Vágner Love no ataque, além de um arrogante e prepotente projeto (de projeto) de técnico, com a mão no queixo durante toda a partida!!

Gerson Sicca disse...

É isso aí, o Brasil parece q encar as eliminatórias como uma mera formalidade. Isso faz o grupo dormir e na hora do pega pra capar fica difícil de acordar.
E a celeste me irrita. Empatar em casa foi brabo.