segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A decadência que leva Adilson Batista ao lugar comum


Adilson Batista chegou ao Corinthians, líder do Campeonato Brasileiro de 2010, com um roteiro traçado. Construir mais um trabalho longo, sólido e vitorioso, como fora no Cruzeiro, e só sair do Parque São Jorge para algo mais grandioso, como seguir os passos de Mano Menezes rumo à seleção. O plano de Adilson, que afirmou em entrevista a este blogueiro a ideia de ficar "uns cinco anos no Corinthians", era legítimo e embasado. Mas se foi completamente por terra.

O treinador fez do Cruzeiro, por dois anos e meio, um time sempre duríssimo, que vencia os adversários pela qualidade técnica, pela facilidade de envolver no ataque e por se renovar mesmo quando perdia jogadores importantes. Só foi derrotado uma vez para o Atlético-MG, foi bicampeão estadual, vice da Libertadores e, por dois anos seguidos, ficou entre os primeiros do Brasileiro. A partir de agora, com seus fracassos por Corinthians, Santos e São Paulo, além de Atlético-PR, Adilson precisará começar do zero. Ou até abaixo disso.

No Corinthians, ele teve um grande início, a ponto de vencer Fluminense e Santos, fora de casa, em jogos importantíssimos daquele Brasileiro. Seu time era mais vistoso que o de Mano, mas os desfalques, a insistência em uma proposta muito ousada e a dificuldade em administrar o elenco custaram caro. Andrés Sanchez quis demití-lo no Beira-Rio após perder para o Inter e cair para a vice-liderança. Foi demovido, esperou mais quatro jogos em que o time não venceu e o consenso interno é de que, se Tite chegasse antes, o Flu não teria vencido a Série A.

Adilson, como ocorre com outros treinadores como o próprio Tite, paga pela imagem que se criou em torno de si. É por isso que no Santos foi tão rapidamente demitido e criou uma atmosfera de trabalho tão ruim mesmo quando tinha 60% de aproveitamento. A situação no São Paulo não é tão diferente, mas a troca de comando é que tardou a acontecer. Adilson Batista foi vaiado na estreia e, provavelmente, em todos os jogos que se sucederam no Morumbi. Ninguém chegou tão queimado quanto ele, o pior comandante são-paulino do século em aproveitamento. E pensar que Adilson ainda tem participação quase decisiva no rebaixamento cada dia mais certo do Atlético-PR.

O momento para ele é de de buscar a possibilidade segura de fazer um trabalho longo e, principalmente, onde tenha confiança e possa aplicar suas ideias sem ser vaiado logo de cara. Situações como a perseguição da torcida são-paulina a Adilson criam um ambiente difícil de ser revertido, ainda mais em um clube com elenco complicado, jogadores em reta final de contrato e problemas da portaria à presidência. Hoje, ele é um ex-treinador promissor e de volta ao lugar comum.

No Terra - Adílson tem pior aproveitamento do século no São Paulo
Olho Tático - Equívocos táticos também derrubaram Adilson

Um comentário:

edson disse...

Não há duvidas de que o Adilson é um bom técnico, ele só precisa se reciclar quanto sua insistência em jogar com 3 volantes, como fez no São Paulo e Corinthians.

Do resto, pelo que eu vejo, ele precisa de encontrar uma equipe em que possa dar continuidade no seu trabalho, sem sofrer pressão.