quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A volta ao Brasil: um desafio tão grande quanto a ida à Europa


Não faz tanto tempo assim, Dunga era o treinador da seleção brasileira e Denílson um titular de destaque do Arsenal de convocação constantemente solicitada pela opinião popular. No Campeonato Brasileiro atual, ninguém compromete tanto o setor de meio-campo do São Paulo quanto ele. Entradas bruscas, que no Campeonato Inglês possivelmente passariam despercebidas, já renderam três expulsões ao reforço de salário mais alto para a temporada após Luís Fabiano. A reafirmação de Denílson no futebol brasileiro ainda é uma incógnita, mas não é exclusividade dele.

A diferença de calendário em relação à Europa tem feito com que, novamente, muitos jogadores entrem com a Série A em andamento e sofram com as dificuldades de readaptação. As diferenças são tremendas e já começam no extracampo: uma ou duas concentrações por semana, viagens geralmente mais longas, a relação com a imprensa é diferente, a participação da torcida também não é pequena e a filosofia de treinamento totalmente oposta. A cobrança por desempenho, por outro lado, é enorme.

Por tudo isso, também, é que impressiona a readaptação de Renato ao futebol brasileiro e seu campeonato de alto nível com o Botafogo. Fisicamente bem, ele participou de 17 jogos consecutivos sem se lesionar nem ser suspenso, uma constante na carreira. Em todas as partidas, esteve em campo nos 90 minutos. Renato, o Renatinho para os santistas que não lhe esquecem pelas temporadas 2002, 03 e 04, passou sete anos no Sevilla, foi adiantado para a armação e voltou a ser volante como se nada tivesse acontecido.

No Botafogo que tem Herrera e Maicosuel abertos pelas pontas e Elkeson na armação, além de Loco Abreu enfiado, o trabalho dos volantes é árduo. Renato, com Marcelo Mattos, marca firme, com lealdade e é o homem que dá fôlego para o time sair de trás e chegar à frente com qualidade. Rômulo e Ralf, titulares da seleção na última semana, são os melhores da posição nesta Série A. Renato vem um degrau logo abaixo com gente como Léo Gago, Paulinho e Edinho, por exemplo.

O caso de Renato, mostra 2011 mais uma vez, é isolado. O futebol brasileiro é extremamente competitivo, duro dentro e fora de campo e cheio de particularidades que tornam essa reafirmação um desafio tão grande quanto a ida à Europa. Um caminho em que Denílson, até outro dia respeitadíssimo na Inglaterra, só tem encontrado pedras.

- Confira aqui: entrevista exclusiva com Renato no Portal Terra

2 comentários:

Paulo Padilha disse...

a torcida (e acho que a imprensa tb) devia reconhecer que existe um periodo de readaptação, mesmo quando o jogador está voltando pro Brasil. Na Europa todo mundo reconhece que o primeiro ano de um jogador estrangeiro é de adaptação, e tendem a cobrar menos, a não ser que ele comece a comprometer demais. Aqui não, um jogador volta da Europa e a expectativa é que ele arrebente desde o começo, ainda mais por ter vindo de fora. São poucos os que não decepcionam por causa disso. O Marcelo Mattos, por exemplo, foi um desastre quando voltou pro Corinthians, e agora parece pelo menos mais comfortavel no Botafogo. Falta um pouco mais de paciencia e compreensão com esses jogadores...

Felipe Simonetti disse...

É muita cobrança em cima de um cara que volta. Como foi com o Denílson e está sendo com o Luís Fabiano no SPFC. Eles acabaram de voltar, o futebol é diferente. Isso até "explica" as três expulsões do Denílson que está acostumado com a arbitragem inglesa.
Infelizmente alguns acabam sendo considerados fiascos e caem em times pequenos.
Ê Brasil...