quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Já rolou a bola na Libertadores...


...desde esta última terça-feira. Atento ao futebol sul-americano, o Papo de Craque apresenta, nas linhas abaixo, um rápido preview sobre as oito chaves da competição. Pelo caminho, na fase classificatória, ficaram Cerro Porteño (Paraguai), Boyacá Chicó (Colômbia), Olmedo (Equador), Mineros (Venezuela), La Paz (Bolívia) e Montevideo Wanderers (Uruguai).

Nas próximas semanas, os interessados podem ir às bancas de revistas e garimpar o precioso Guia Libertadores 2008 da Trivela, produzido com singela colaboração deste blogueiro.

GRUPO 1 (Cruzeiro, Caracas, San Lorenzo e Real Potosí)

Em teoria, brasileiros e argentinos teriam enorme vantagem por aqui. Em teoria. A despeito do preconceito que existe com o futebol venezuelano, o Caracas provou em 2007 – e já em 2008, vencendo o San Lorenzo na estréia - que pode dar muito trabalho para a dupla favorita. Os Rojos Del Ávila são claramente a terceira força.

Cheio de confiança após a contundente classificação na fase preliminar, o Cruzeiro parece capaz de impor alguma superioridade aos demais concorrentes. Adílson Batista conhece bem os caminhos da Libertadores e tem, em mãos, um grupo jovem, talentoso e muito afim de brilhar em 2008.

Para tentar o título sul-americano no ano de seu centenário, o San Lorenzo de Almagro trouxe dois nomes de classe continental: Diego Placente e a estrela Andrés D’Alessandro, ex-River Plate. Ramón Diaz, campeão do Clausura 2007 com o clube, mas tem em mãos, hoje, um grupo bastante modificado e que recomeça o ano do zero.
Da Bolívia, vem o Real Potosí, que embora tenha vencido o Apertura boliviano da última temporada, não oferece argumentos temíveis, além da famosa e perigosa altitude de Potosí – a maior da Libertadores.

GRUPO 2 (Deportivo Cuenca, Danubio, Lanús e Estudiantes)

Outro grupo que já teve suas atividades iniciadas nesta última terça-feira, o segundo da Copa Libertadores vem com boas credenciais para o jovem time do Lanús, aparentemente o mais forte dos que estão na briga. Além de sexto colocado na temporada passada, El Granate iniciou 2007/08 com o título argentino, despachou o Olmedo com autoridade e conta, em seu elenco, com o futebol inteligente do meia Valeri.

Ao estrear com derrota, o Estudiantes pôs à mostra suas fragilidades, responsáveis por lhe colocar como o mais inferior dos aspirantes argentinos ao título. Respaldados por Verón, que segue no comando do meio-campo, os Pincharratas devem mirar o Danubio, que vem apresentando boas equipes nos últimos anos. Contudo, ao ser batido pelo Deportivo Cuenca, o time – agora comandado pelo ex-zagueiro Nestor Sensini - deixou ainda mais dúvidas. Pablo Piatti, bom atacante, é uma esperança para a torcida de La Plata.

Campeão da última temporada uruguaia, o Danubio enfim atinge a fase de grupos da Libertadores, após cair na preliminar de 2007 frente ao Velez. Com um time já bastante diferente, as esperanças se reduzem para os cisplatinos. Correndo por fora, o Deportivo Cuenca não tem sido nem mesmo capaz de barrar a hegemonia doméstica da LDU, e embora tenha estreado com vitória sobre o Estudiantes, não possui grandes jogadores e mesmo ambições.

GRUPO 3 (Boca Juniors, Colo-Colo, Atlas e Unión Maracaibo)

Atual campeão, o Boca Juniors, naturalmente, monopoliza as atenções quando o assunto é Copa Libertadores. Para corresponder em 2008, além de garantir integralmente os direitos de Juan Román Riquelme, os Xeneizes – que venderam Banega para o Valencia – buscaram dois jogadores preciosos: Lucas Castromán e Julio César Cáceres. Considerado o sucessor de Bianchi, o novo técnico Carlos Ischia tem, nas mãos, um time para brigar novamente pelo título.

À espreita pela classificação certamente estará o Colo-Colo. Dominando com sobras o futebol chileno nas últimas duas temporadas, o time de Claudio Borghi se reforçou bem e tem condições de fazer, em 2008, um papel melhor que na última edição, quando caiu nas oitavas diante do América. Entre os destaques dos Albos, olho em Gonzalo Fierro e Eduardo Rubio, dois jogadores preciosos na ofensiva, perigosa e vistosa equipe colocolina.

Vice-campeão da Interliga mexicana (que leva dois times para a Libertadores), o Atlas de Guadalajara teve um 2007 terrível, ficou na lanterna do Apertura e, em pouco tempo, reverteu a situação. Com um time taticamente forte, rápido no contra-ataque e mais uma dose de sorte, os Rojinegros foram bem, se classificaram, mas não podem ser tão temidos assim. A base da equipe é a defesa e Jorge Achucarro (ex-Cerro) e Bruno Marioni compõem uma dupla ofensiva perigosa.

Correndo bem por fora, o Unión Maracaibo possui jogadores modestos e, a julgar pela trajetória nas participações recentes, não deve ter chances de classificação. O experiente volante Miguel Mea Vitali é o atleta de maior reputação internacional.

GRUPO 4 (Flamengo, Nacional, Coronel Bolognesi e Cienciano)

Responsável por uma boa campanha na edição 2007 da Libertadores, o Nacional de Montevidéu já não possui uma equipe tão temível, o que permite, ao Flamengo, almejar uma campanha próxima da perfeição na fase de grupos. Após vender nomes expressivos de sua jovem base da temporada passada, os uruguaios tiveram um segundo semestre decepcionante e uma posterior performance de mercado que não produz muita ambição para 2008.

Evoluído em relação ao último ano, quando fez boa campanha mas acabou prematuramente caindo nas oitavas, o Flamengo parece forte o suficiente para ir às fases decisivas. Com contratações inteligentes como Kléberson e Jônatas, o rubro-negro reforçou um plantel que terminou o último ano nacionalmente em alta. O torneio, aliás, é a grande chance na carreira do experiente Joel Santana.

Correndo por fora no grupo quatro, dois dos três representantes peruanos pretenderão dar, ao seu país, ao menos uma vaga na próxima fase. A julgar pelos plantéis e pelo que vêm fazendo Cienciano e Coronel Bolognesi, a missão parece ser das mais difíceis. Por contar com a altitude de Cusco e ter melhores desempenhos fora do país, os primeiros devem oferecer mais dificuldades.

GRUPO 5 (River Plate, América, Universidad Católica, Universidad San Martin)

Um dos grupos mais duros dessa Libertadores. Assim pode ser descrito o de número cinco, em que o River Plate e o América despontam com favoritismo. Com Diego Simeone à frente após uma ruim passagem de Daniel Passarella, os Milionários chegam mais leves e com objetivos definidos. Alexis Sánchez se recuperou de lesão e, ao lado de nomes talentosos como Ariel Ortega, Rodrigo Archubi, Mauro Rosales e Diego Buonanotte, promete servir dois centroavantes de respeito: Loco Abreu e principalmente Falcao Garcia. Há, ainda, qualidade em todos os setores do elenco.

Mais uma vez fortíssimo, o América – vice-campeão da Copa Sul-Americana de 2007, vem com as mesmas expectativas que costuma produzir. Ou seja, brigar pelo título. Salvador Cabañas ainda é o maior astro do time em que vale citar o uruguaio Rodrigo López e os meio-campistas Juan Carlos Mosqueda e Federico Insúa, apenas parte do timaço que ainda tem, no gol, o seguro Guillermo Ochoa. Caso leve o torneio a sério e não abra mão dele em nenhum momento, as Águias prometem ir longe.

Embora seja tradicional, não há como dizer que a Universidad Católica tenha grandes condições para seguir até a fase eliminatória. Fazendo figuração no Chile nas últimas temporadas, a UC possui uma equipe média e que só irá adiante caso atue em seu limite e consiga roubar pontos do América e do River. Vale olhar Gary Medel e Jorge Ormeño, mas nomes como Aílton (ex-Corinthians) e Héctor Tapia não são muito animadores.

Fundada em 2004, a Universidad San Martín de Porres conseguiu, em quatro anos, atingir o êxito máximo no Peru e se classificou para esta Libertadores. O feito já parece incrível e, a julgar pela força dos demais concorrentes, deve limitar a alegria dos Albos, sem tantas chances de avançar. Vale lembrar que, em Lima, não há altitude para prejudicar as ambições dos adversários.

GRUPO 6 (Santos, San José, Cúcuta e Chivas Guadalajara)

Três semifinalistas das últimas duas edições compõem o grupo seis, sugerindo uma disputa acirrada pela classificação. Não é bem assim. Completamente modificado em relação ao último ano, o Santos tem um time jovem e que, no começo deste ano, não tem colhido grandes resultados e põe em dúvida as condições santistas de ir muito longe. Jogadores experientes como Rodrigo Souto, Fabão, Fábio Costa e Kléber Pereira, precisarão dar o melhor de si e contar com o apoio da garotada.

Ao contrário do que se imagina, o Deportivo Cúcuta já não é o forte e empolgante time de 2007. O clube, como toda a cidade, vive um momento terrível e está envolvido em diversos problemas com a justiça colombiana. Jogadores como Bustos, Zapata e Blas Pérez, deixaram o semifinalista da edição passada, restando apenas o já negociado Macnelly Torres como jogador de bom nível. No início de temporada, o Doblemente Glorioso tem ido muito mal.

Diferente dos dois acima, as Chivas seguem em bom nível e podem pensar em protagonismo para essa Libertadores. Atletas de qualidade como Omar Bravo, Gonzalo Pineda, Alberto Medina e Ramón Morales – todos selecionáveis – seguem em Guadalajara. A boa produção de novos jogadores, impulsionada pelo fato de não se aceitar estrangeiros, permite o surgimento de nomes promissores como Edgar Mejía. É o time a ser batido na chave. Ainda que campeão do Clausura boliviano de 2007, o San José tem tudo para seguir a fase ruim do futebol de seu país.

GRUPO 7 (São Paulo, Audax Italiano, Atlético Nacional e Sportivo Luqueño)

Um dos maiores vencedores quando o assunto é Copa Libertadores, o São Paulo delimitou o torneio continental como seu claro objetivo para a temporada. Em negócios de seis meses, trouxe Fábio Santos, Adriano e Carlos Alberto, dando mais brilho para um elenco coeso, versátil e com espírito vencedor, sob o respaldo do competente Muricy Ramalho. Parece o suficiente para dominar o grupo sete.

Com um time jovem, talentoso e de jogo vistoso, o Audax Italiano, que quase despachou o São Paulo em 2007, promete colocar fogo na competição. Carlos Villanueva é um dos principais jogadores da América do Sul e ganhou o providencial reforço do promissor Mathías Vidangossy, meia-atacante bastante técnico. Mesmo normalmente jogando com seu estádio vazio, os itálicos devem dar trabalho.

Considerado a segunda força da chave, o Atlético Nacional de Medellín foi o melhor clube colombiano do último ano e chega com essa credencial para a Libertadores. Dono de razoável tradição no continente, conta com uma equipe bem mesclada pela experiência do selecionável Amaya e do jovem goleiro Ospina, tido como uma das maiores promessas cafeteras.

Força alternativa da chave, o Sportivo Luqueño provocou relativo furor com a campanha do título do Apertura paraguaio em 2007. Entretanto, com uma base muito modificada e a ausência de parte dos principais jogadores daquela equipe – como Maxi do Flamengo, a equipe de Luque tem menores possibilidades, especialmente pela força de chilenos e colombianos.

GRUPO 8 (Fluminense, Libertad, LDU e Arsenal)

Considerado o mais duro do emparceiramento, o grupo oito prevê partidas interessantes para definir os dois classificados para a próxima fase. Sem muita experiência no torneio, mas com um bom time e muita agilidade na contratação de reforços, o Fluminense chega pensando em atingir seu melhor momento na história da Libertadores. Ao grupo que já tinha Thiago Neves, Thiago Silva e Arouca, foram adicionados nomes de peso como Washington, Conca, Dodô e Leandro Amaral. Se o maduro Renato Gaúcho souber controlar o ambiente, o Flu promete dar suco.

Com um histórico recente impressionante na competição, o Libertad chegará, novamente, com uma base razoavelmente modificada em relação à última temporada. Principal contratação para 2008, o experiente Nelson Cuevas se incorpora ao clube que fechou 2007 com o título paraguaio e, mesmo sem Guiñazu, Martínez, Riveros e Rodrigo López, ainda tem uma equipe capaz de avançar em um grupo tão delicado. Olho no volante Víctor Cáceres, um dos pilares de Rubén Israel.

Conhecido por pregar peças nos últimos anos, o vigoroso time da LDU manteve a hegemonia local em 2007 e tem condições de aprontar para seus três concorrentes, visivelmente mais fortes. Experientes, Urrutia, Kaviedes, Agustín Delgado e Ambrossi, são apenas parte de uma base bastante rodada, mas de um clube enjoado, sobretudo em Quito. Enrico Vera, titular absoluto da seleção paraguaia, é mais um jogador importante.

Surpreendendo a todos, o Arsenal foi campeão da Copa Sul-Americana no último ano e chegou, também, à Libertadores. Sem muitas modificações nesse time, os argentinos passaram com dificuldades pelos venezuelanos do Mineros. Com uma equipe coesa, de poucos brilhos individuais, mas ciente de suas limitações, El Viaducto é um importante aspirante às oitavas. Entre os nomes mais conhecidos, cabe lembrar do defensor Aníbal Matellan e do veteraníssimo José Luis Calderón, ainda decidindo jogos aos 37 anos de idade.

4 comentários:

Anônimo disse...

O San Lorenzo talvez seja a equipe argentina que melhor se reforçou para a Libertadores. Só que vai conviver com os problemas da falta de entrosamento, já que as principais contratações (D'Alessandro e Bergessio) chegaram a pouco tempo ao clube. Mas, apesar da derrota para o caracas, deve se recuperar e chegar às oitavas-de-final.

Já o Real Potosí é a prova viva da influência da altitude. Time medroso e pouco criativo, que se vale das boas intervenções do goleiro Hugo Suárez.

O Cruzeiro segue mostrando bom entrosamento e boas opções de jogo na partida. Mas vai ficar sempre aquela "pulga atrás da orelha", até que a equipe vença um adversário mais expressivo, que lhe proporcione maiores dificultades durante o jogo.

Anônimo disse...

Essa Libertadores promete, os times estão fortes, o Boca com Riquelme é um time a ser batido, o São Paulo com Adriano, o time forte que o Fluminense montou...

Realmente não vai faltar emoção nessa edição da Libertadores..

Anônimo disse...

Sobre o comentário do grupo 2 : como assim o Lanús derrotou o Olmedo com autoridade ? Vc viu mesmo o jogo ? O time passou o maior sufoco e os gols só saíram no finzinho .

Dassler Marques disse...

Anônimo: se vc colocar seu nome, respondo a sua pergunta.