terça-feira, 21 de agosto de 2007

Perigo real e imediato


O dia 22 de julho, a cada rodada que passa, não sai da cabeça do torcedor cruzeirense. O adversário era o São Paulo, àquele momento quarto lugar na tabela, empatado com o Cruzeiro, mas bem distante do líder Botafogo. Embora tenha aberto o marcador, o clube celeste permitiu a virada são-paulina, em pleno Mineirão.

A partir disso, Muricy Ramalho empurrava seu grupo rumo ao topo. Ao passo que ainda seja natural desconfiar do Vasco brigando por título e se olhe o Botafogo cada dia mais embaixo, é o Cruzeiro que se coloca, com credenciais, à frente dos outros times para almejar a liderança são-paulina.

O trabalho de Dorival Júnior beira o incrível, dada a capacidade do clube se reerguer rapidamente sem aquisições relevantes, embora o plantel, há de se admitir, já fosse bom. Quando chegou na Toca da Raposa, o treinador via a terra arrasada após uma traumática derrota para o Atlético Mineiro no âmbito estadual e um início marcado pelo 0x3 contra o Corinthians. Fragilidade mental, pouco comprometimento dos jogadores e lesões recorrentes compunham um cenário inicial desanimador. Ricardinho, Geovanni, André Luís e Gabriel comandaram uma lista de nomes “liberados”.

Sem outro trabalho pujante em um clube de ponta, Dorival Júnior, sujeito que alterna a personalidade entre pacato e sisudo, não transparecia a segurança de um Felipão, ou mesmo Emerson Leão. Todavia, sabia-se da sede que qualquer profissional tem em triunfar em sua primeira chance em clubes grandes. E o treinador cruzeirense, em pouco tempo, mudou o rumo. Aliás, como já havia feito no São Caetano.

Inicialmente jogando com três volantes e focado nos contra-ataques, Dorival Júnior colheu bons resultados contra Palmeiras e Grêmio, embora tenha perdido para o Juventude, muito em parte por atuação pífia de sua defesa. A partir da vitória no clássico local, o clube ganhou cara e ganhou Wagner, mais um que está aí para desmitificar a “morte” dos camisas 10. A virada sobre o Vasco, nos instantes finais, chamou a torcida para colaborar e solidificou a união do grupo.

Após voltar de Santos e Florianópolis com duas derrotas na bagagem, Dorival Júnior e o Cruzeiro precisaram de outro renascimento. Triunfos sobre Goiás e Náutico construíram uma atmosfera positiva para o duelo contra o São Paulo. Mesmo com a vitória nas mãos, a Raposa permitiu o revés, em um resultado que hoje faria toda a diferença. Após um empate contra o Atlético-Pr, já são cinco vitórias seguidas, quatro contra adversários diretos: Botafogo, Internacional, Sport e Fluminense. A disputa bipolar pelo Campeonato Brasileiro parece mais nítida a cada rodada.

Passado o período inicial da filosofia de contra-ataque, o Cruzeiro tem se imposto com autoridade sobre os adversários e, pouco a pouco, reduz seus problemas defensivos, o que não é simples dada a vocação que tem para o ataque. Nomes resgatados como Alecsandro - com sete gols em quatro jogos, Émerson e Wagner, deram um acréscimo de qualidade ao grupo, que já possuía jovens interessantes como Ramires, Guilherme e Thiago Heleno. Anderson, mais cedo ou mais tarde, se juntará ao time.
Até mesmo a habitual venda de jogadores em meio ao campeonato, até aqui, não causou danos sensíveis. Gladstone, Luizão e Araújo se foram, mas o padrão de qualidade não caiu, muito pela profundidade e qualidade do elenco. Regularmente, Roni, Fernandinho e Leandro Domingues também têm participado de maneira ativa nas vitórias da equipe e precisam ser citados na coluna.

A coesão do São Paulo, ao se olhar o cenário atual e fazendo projeções – claro, hipotéticas – só pode ser ameaçada pelo Cruzeiro de Dorival Júnior. O duelo eventualmente decisivo, entre as duas equipes, será em 31 de outubro, a seis rodadas do fim. Os cruzeirenses, desde já, esfregam as mãos e aguardam à mineira.
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Coluna publicada originalmente na Trivela

6 comentários:

Dassler Marques disse...

Gerson Sicca

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O Dorival é bom, e só precisa ajeitar a defesa da raposa. Ainda toma muito gol. Demais pra quem quer ser campeão. Só o Santos do Pelé poderia dar-se o luxo de tomar tanto gol e ainda sair vitorioso.
Grande abraço

Anônimo disse...

Mesmo com tudo isso acho que vai ser difícil de superar o São Paulo.

Em um Campeonato equilibrado como é o nosso nacional, é mais que normal que alguns times consigam umas sequência boa de resultados e também uma série de resultados ruins.

Visto isso, o São Paulo tem time para manter um equilíbrio e como hoje já possui uma boa vantagem de pontos, vejo que será muito difícil ele perder esse campeonato. Mas claro que pode ser incomodado, como deve ser, mas sempre de longe.

Anônimo disse...

Assim como no São Caetano, Júnior, no Cruzeiro, montou o time no decorrer do campeonato.

São poucos treinadores que conseguem arrumar uma equipe em tão pouco espaço de tempo.

Temos de tirar o chapéu para o técnico da Raposa.

Gustavo Ferreira disse...

Fiquei muito feliz por vê-lo no meu blog Drassler!

Não esperava por isso!

Curiosidade que me corroe: Como soube de minha citação?

Forte abraço!

ps.: excelente blog, não conhecia, adorei conhecer!

André Rocha disse...

Dassler, como já disse, vejo o Vasco como o maior perigo ao título do Tricolor Paulista. Até porque o jogo da volta será em São Januário. Já o Cruzeiro terá que encarar o Morumbi. De qualquer forma, o trabalho do Dorival Jr. deve ser exaltado, especialmente pela vocação ofensiva da sua equipe.

Maurício disse...

Fico com a observação que o PVC fez recentemente no Bate-Bola: o São Caetano foi rebaixado no ano passado e, atualmente, luta contra o rebaixamento na série B.

Neste intervalo, foi vice-campeão paulista. Exatamente enquanto DJ esteve por lá.

abraços!