sábado, 28 de novembro de 2009

Quem tem projeto?


Dorival Júnior, Silas e Vagner Mancini já são treinadores no mercado para 2010. Basicamente, porque entenderam que seus clubes não tinham o famoso projeto adequado para a próxima temporada. Os três estão corretos em pensar grande, especialmente Dorival.

É justo você perguntar se Dorival roeu o osso na Série B e perdeu a chance de dar um salto de qualidade para 2010. O ponto é que o treinador se deu conta de que, para o próximo ano, as perspectivas vascaínas são bem pequenas. O clube ainda se organiza, tem muitas dívidas e a receita não promete ser das maiores. Com o mesmo elenco, acrescido de reforços como Val Baiano e Durval, dois nomes especulados, ou mesmo Dodô, a caravela do Vasco não vai navegar muito.

Mancini também ouviu do Vitória que o orçamento de 2010 será menor que o deste ano, então se deu conta de que passaria outra temporada no Barradão com time limitado. Melhor ficar logo livre e torcer por uma boa proposta.

Silas, naturalmente, pensa maior para sua carreira, com todo o respeito ao Avaí. As possibilidades de um salto com o clube para 2010 era mínima e qualquer resultado abaixo em relação a 2009 passaria a imagem de uma regressão. Logo, inteligente também abrir mão do trabalho agora e esperar.

A questão é: quem Silas, Mancini e Dorival esperam? O último, provavelmente, assumirá o Grêmio, hoje capaz de oferecer mais coisas que o Vasco. Para Silas e Mancini, além do Vasco e eventualmente do Santos, caso Luxemburgo vá mesmo para o Inter, não sobrará nenhum bom clube.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Milan e Inter, quem confia?



O Milan de Leonardo não deixou de ser um time brilhante, capaz de chegar a três finais de Liga dos Campeões em um intervalo de quatro anos, como fez com Carlo Ancelotti. Deixou é de ser regular: ao mesmo tempo que bate o Real Madrid no Santiago Bernabéu, sofre dentro de casa contra um esforçado Olympique ou mesmo um também esforçado Cagliari.

Não é correto exigir mais do novo Milan, que perdeu demais e não repôs em nada. Depender dos gols de Borriello ou da genialidade de Ronaldinho Gaúcho não significa ser constante e a equipe ainda sente o amargo do mercado, quando não investiu para trazer Luís Fabiano ou Dzeko, e ficou com Huntelaar.

Em Appiano Gentile, o tão competente José Mourinho não é capaz de fazer a Internazionale se sentir confiante para os jogos internacionais. A equipe que empilha vitórias na Serie A há pelo menos três temporadas não tem personalidade nenhuma para enfrentar os rivais: o jogo final contra o Rubin Kazan é vencer ou vencer, como em Kiev há duas rodadas. É verdade que o problema parece psicológico, mas há tempo para mudar tudo tão rapidamente e brigar pelo título? Difícil.

Nesse cenário, melhor para a Fiorentina, o grande italiano desta LC, com 12 pontos em cinco jogos no grupo do Liverpool e do Lyon. Um palpite? Mais uma temporada sem um clube da Bota entre os quatro da Europa.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

LDU, a gente já sabia


Até enfrentar o Fluminense, a LDU tinha 13 vitórias, seis empates e só uma derrota em suas últimas 20 partidas jogadas em Quito. O revés, diga-se, foi contra o Sport, no fechamento da recente Libertadores, quando já estava eliminada. Lá, também, enfiou 7 nos uruguaios do River Plate há uma semana. É uma máquina o time que encerrou a invencibilidade do Fluminense e deve conquistar seu terceiro título continental em um ano.

Impressiona, na LDU Quito, é a política de trabalho que não se altera. Garimpando bons nomes baratos pelo continente (como foram Guerrón, Manso e Bieler – este ainda no time), revelando jovens (como o goleiro Domínguez), exercendo seu poder econômico e enfraquecendo os rivais do país (como ao tirar Miller Bolaños do Barcelona) e principalmente resgatando quem tem história no clube: Ulisses de La Cruz, Reasco e Edison Mendez são os nomes mais recentes dessa política. Jogadores que passam, fazem história, vão para o exterior e retornam.

Esse processo também inclui a caça aos bons técnicos do continente. Passaram com sucesso por lá Manuel Pellegrini, agora no Real Madrid, Edgardo Bauza, campeão da Libertadores, e Jorge Fossatti, ex-seleção uruguaia, e agora de volta para o time virtual vencedor da Sul-Americana.

O sistema tático não é engessado durante os anos, mas a forma de jogar é sempre a mesma: muita velocidade, aproveitamento total dos flancos do campo e força física, com intensidade durante os 90 minutos num estádio hostil e com uma torcida vibrante. Mesmo perdendo toda a base campeã da Libertadores, segue fortíssimo e quase impossível de parar.

Que o diga o Fluminense, sufocado e depenado em Quito.

Matéria: Flu se aproxima das piores derrotas em finais sul-americanas

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

5 motivos extracampo na recuperação do Flu


Incrível como o lanterna do Campeonato Brasileiro reagiu e, hoje, pode se dizer, está muito perto de escapar do rebaixamento. A organização de Cuca, o bom momento de Conca, a sede goleadora de Fred, os desempenhos dos meninos Digão, Dalton, Alan e Maicon são alguns dos motivos, somados à disposição, que devem fazer o 2009 terminar bonito nas Laranjeiras.

Mas há, também, pelo menos cinco razões extracampo. Confira:

- Salários sendo pagos. O Fluminense que atrasava, agora, tem pagado o mais em dia possível. Não são mais apenas os jogadores da Unimed que recebem corretamente, o que serviu para motivar todos. No entanto, o Flu recorreu a empréstimos bancários e, pior, entregou suas promessas por quantias miseráveis (Maicon e Alan para a Traffic, Wellington Silva para o Arsenal).

- Reestruturação do departamento de futebol. Saíram Tote Menezes, Gustavo Mendes e Alexandre Faria, que não falavam a mesma língua. Vieram outros dirigentes, inclusive Branco, e tudo mudou da água para o vinho.

- Adeus aos afastados. Luiz Alberto, Wellington Monteiro, Fabinho e Paulo César. Nenhum deles têm mais espaço sequer no banco de reservas do Fluminense, que melhorou o ambiente, sobretudo sem a presença do antigo capitão.

- A torcida em peso. A massa tricolor abraçou a recuperação da equipe, que levou, por exemplo, 65 mil torcedores contra o Palmeiras. Já é o quinto melhor do Brasileiro em média de público, apesar da campanha péssima como um todo.

- O silêncio de Horcades. Pressionado pela chance de impeachment, o presidente do Fluminense tem evitado a imprensa em alguns momentos, o que é sempre positivo quando se trata de Roberto Horcades e seus dois neurônios. Nas últimas semanas, não houve nenhuma crise nas Laranjeiras.

San-são no espelho


Oscar ou Neymar? Cotia ou Meninos da Vila? A tradição são-paulina ou o poder do Sonda?

Em um artigo especial, no Olheiros, falo por quais motivos São Paulo e Santos têm tanta força na base mas pensam tão diferente. Clique aqui e confira:

E, ainda, uma coluna sobre a base do Paraná Clube, que pretendia ganhar muito e ficou a ver navios. Clique aqui e confira:

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O Brasileiro com mais gols dos últimos anos


O Campeonato Brasileiro deste ano deve ter o maior número de gols marcados desde que sua disputa ficou restrita a 20 clubes, em 2006. No sábado, Aílton marcou o milésimo, para o Náutico, na vitória de 3 a 2 sobre o Corinthians. Ao fim da 36ª rodada, já são 1022 marcados e o melhor número foi de 07, com 1047 gols. A questão é: os ataques melhoraram ou as defesas estão piores?

2006: após 36 rodadas – 970 gols / ao final – 1030
2007: após 36 rodadas – 987 gols / ao final - 1047
2008: após 36 rodadas – 975 gols / ao final – 1034
2009: após 36 rodadas – 1022 gols! / ao final - ?

Veja, ainda, um raio-x dos gols do Brasileiro 2009:

Time da casa fez 625 gols x Time visitante fez 397 gols
Gols no primeiro turno: 556 x Gols no segundo turno: 466

Gols de cabeça: 205
Gols de direita: 537
Gols de esquerda: 257
Gols de mão: 1 (André Lima, contra o Corinthians)
Gols de peito: 4
Gols contra: 18

Gols fora da área: 143
Gols na grande área: 656
Gols na pequena área: 205
Gols contra: 18

Gols de falta: 48
Gols de pênalti: 87

A disputa pelo poder no Santos


Marcelo Teixeira confirmou candidatura à presidência do Santos e, nos próximos dias, os bastidores da Vila Belmiro devem ficar agitados. Em condições bastante desfavoráveis, o mesmo opositor Luiz Alvaro ameaçou o trono de Teixeira em 2003 em uma eleição apertada. A volta do sociólogo à disputa, em momento de grande pressão, torna o quadro bastante instável em torno da reeleição de Teixeira no próximo dia 05 de dezembro.

O pleito no Santos terá a participação nova de vários conselheiros, diz-se, insatisfeitos com a administração de Marcelo Teixeira, que faz o time brigar nas últimas posições pelo segundo Campeonato Brasileiro consecutivo, apesar de o investimento não ter sido discreto. Na última Série A, por exemplo, a folha salarial santista era de R$ 2 milhões mensais, atrás apenas do Inter, e a equipe ficou em 15º, fora até da Sul-Americana. Em 2009, o quadro é idêntico.

A oposição, que tem pouca penetração na mídia e fala fino, se mostra bem articulada para ter bons investidores em 2010, mas a verdade é que não costurou nenhum reforço em caso de vitória. Vanderlei Luxemburgo só fala em projeto e Marcelo Teixeira também sinaliza com um novo planejamento, mas a verdade é que a falta do tal planejamento já aproximou Roberto Carlos do Corinthians.

Apesar dos projetos apenas no papel, de situação e oposição, há grande receio para o próximo pleito na cúpula de Marcelo Teixeira. Membros da atual direção estão preocupados com tudo que se circula pela imprensa e possa prejudicar - até o parceiro Sonda, nos corredores, trabalha pela manutenção do atual presidente. Certo é que será a eleição mais acirrada da década.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A nova reforma de Muricy


Contra o Grêmio, nesta quarta-feira, o Palmeiras tem sua última chance. Não há espaço para qualquer deslize e, mesmo nove pontos, dificilmente, trazem o título brasileiro para o Palestra Itália. Muricy Ramalho sabe disso e possivelmente deixe o conservadorismo de lado, fazendo nova reforma do time que liderou o torneio por 19 rodadas.

A expectativa, além da volta de Pierre, é pela troca de um zagueiro ou volante por Deyvid Sacconi, que entrou bem contra o Sport. Parece tarde demais a tentativa de tornar o Palmeiras um time envolvente, como era com Jorginho, e deixou de ser com Muricy. O técnico reclama a ausência de Cleiton Xavier, mas o fato é que, mesmo antes da derrota contra o Santo André, a equipe jogava mal e acumulava resultados ruins - ou mesmo ganhava sem jogar bem.

Havia, sim, opções para tentar fazer o time andar mais antes. Faltou dar confiança e ritmo a Marquinhos, uma chance real para Deyvid, quem sabe recuperar Willians ou Lenny, e até mesmo experimentar um 4-2-3-1 que ele chegou a anunciar, e poderia ter Armero na meia, mas nunca aconteceu. Cruzando bolas na área, sumiu de vez a chance de fazer Vagner Love desequilibrar.

Hoje, o Palmeiras de Muricy é o espelho do São Paulo que caiu contra o Cruzeiro, na Libertadores. Um rascunho de time, que deve se dar por satisfeito se terminar o Brasileiro em terceiro ou mesmo quarto lugar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

São Paulo ou Flamengo?


Os dois maiores da história do Campeonato Brasileiro devem realmente se dividir na disputa pelo título, ficou concluído após a última rodada, restando apenas nove pontos em jogo. Matéria da Folha de S. Paulo no último sábado mostrou que apenas o Santos, em 2004, na história dos pontos corridos, ganhou a taça em situação idêntica à do Fla em 2009.

É verdade que o Palmeiras possui chances razoáveis, indica a classificação, mas a tabela complicada, os desfalques e principalmente o mau momento indicam essa probabilidade como remota. A tendência é que o time de Muricy brigue com Internacional, Atlético-MG e Cruzeiro por jogar a próxima edição da Libertadores.

1° lugar: São Paulo - 62 pontos - 17V, 11E, 7D - 49 GP, 35 GC
2° lugar: Flamengo - 60 pontos - 17V, 9E, 9D - 54 GP, 43 GC

Nas linhas abaixo, um duelo de cinco fatores decisivos para as rodadas finais:

TABELA - Flamengo

Vantagem leve para o Flamengo, que tem dois jogos no Maracanã, contra os já desinteressados Goiás e Grêmio. No meio do caminho, uma visita ao Corinthians em ritmo de férias. Já o São Paulo tem um jogo duro, no fim de semana, em visita ao desesperado Botafogo. Depois, duas molezas: Sport, talvez no Morumbi ou no interior, mas já rebaixado, e o Goiás, adversário de boas memórias nos últimos dois títulos.

TREINADOR - São Paulo

O equilíbrio também é enorme, mas não há como diminuir a maior experiência de banco de reservas que tem Ricardo Gomes, por mais que Andrade seja o grande técnico do Brasileiro.

CRAQUE - Flamengo

Aqui, de longe, a vantagem é do Flamengo, com o melhor jogador do Brasileiro, Adriano, e um dinossauro juvenil, Petkovic. Até no gol, Bruno vem melhor que Rogério Ceni. O São Paulo aposta justamente no contrário: a força do conjunto, que tem cinco tricampeões no elenco - Ceni, Bosco, Miranda, André Dias e Richarlyson.

EXPERIÊNCIA EM DECIDIR - São Paulo

É o time super acostumado com a situação das rodadas finais. Prova disso é que, em 2006, 07 e 08, jamais o São Paulo perdeu a liderança depois de assumir. O Flamengo conta com o grande embalo e um elenco também experiente, é verdade, com Álvaro, Maldonado e Pet, mas um pouco atrás nesse quesito.

DEFESA - São Paulo

O Flamengo impressiona pela força defensiva: jogou 16 jogos no returno e não tomou gols em 10. Mas a defesa tricolor é, provam os números, a melhor do Brasileiro. Foi assim também em 2006 e 2007. No ano passado, foi a segunda melhor, atrás apenas do Grêmio, com só um gol a menos que os são-paulinos.

O bom técnico faz a diferença


O Grêmio teve cerca de 15 minutos para abrir a defesa do São Paulo, que há duas semanas tinha nove jogadores em campo e segurou um empate dentro do Estádio Olímpico. Ali, ficava clara a forma como o time então com Paulo Autuori era mau treinado, não tinha repertório tático para enfrentar adversários com inferioridade numérica. Bem diferente fez o Avaí, contra o Corinthians, no domingo.

Números atestam a forma como o time de Silas se compactou, trocou passes, inverteu o lado do campo e impediu a bola de chegar em Ronaldo - e o Corinthians ficou 30 minutos sem conseguir uma mísera finalização. Por essas outras que Silas divide com Andrade o posto de melhor técnico do Campeonato Brasileiro. Hoje, o modesto Avaí tem três pontos a menos que o quarto colocado.

- Veja matéria sobre a superiodade do Avaí, com entrevista exclusiva de Silas

Problemas sanados, Portugal perto da Copa


O jogo fora de Bósnia inspira preocupações para Portugal. Afinal, os comandados de Miroslav Blazevic, a despeito das três bolas na trave de Eduardo, tiveram uma postura excessivamente cautelosa na Luz. Mesmo assim, é correto dizer que Carlos Queiroz resolveu alguns dos problemas do time, que venceu cinco e empatou um de seus seis jogos mais recentes pelas Eliminatórias. Hoje, os Tugas estão com um pé na África do Sul.

Portugal tinha problemas antigos a resolver, como o gol e a lateral esquerda. Discretos, Eduardo, o camisa 1 do líder Braga, e Duda, meia de origem, mas cumprindo bom papel mais atrás. Outro ajuste importante foi reposicionar Pepe como o popular “trinco”, o volante mais recuado. Misimovic foi bem neutralizado pelo tradicionalmente zagueiro alagoano. O sistema só funciona porque Bruno Alves cumpre finalidade na zaga ao lado do soberano Ricardo Carvalho.

O jogo de Portugal flui e é seguro, também, pelos bons papéis que fazem Deco, armando pela direita, e Raul Meirelles, cobrindo os avanços de Duda pela esquerda e também acrescentando ofensivamente. Nesse 4-3-3 (desdobrado em 4-1-2-3), resolve e muito ter encontrado um centroavante como Liedson. O brasileiro é o camisa 9 que Portugal não tinha há pelo menos uma década. Se move, arrasta os zagueiros para os do campo, é um terror nas bolas aéreas e a maior novidade no time de Queiroz, hoje perto da Copa do Mundo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A aposta na experiência é correta


O Corinthians pensa em Iarley, Tcheco, Roberto Carlos e Alex Silva como os principais reforços para a Copa Libertadores. A aposta em jogadores experientes é certeira para uma temporada centenária que promete ter a maior pressão por um título nos 100 anos de clube. A competição provoca uma mistura explosiva no Parque São Jorge e, vale lembrar, selou os destinos de Tevez, Liedson, Edílson e Vampeta, todos ídolos, nas três eliminações da década.

Naturalmente, as questões físicas devem ser consideradas. O segundo semestre de 2009 expôs um elenco remendado e com sérias dificuldades de se juntar e ir a campo 100% no Campeonato Brasileiro. Ronaldo, a maior preocupação, só teve uma contusão casual, na mão. Mas Alessandro, Chicão, William, Marcelo Oliveira, Elias, Marcelo Mattos, Edu, Jorge Henrique e Dentinho sofreram com lesões.

A exigência física em Copa Libertadores é altíssima e exigirá um planejamento especial. O Palmeiras de 2009 é a maior lição de como não se conciliar o torneio com o Paulista. O ideal é arrebentar nos primeiros jogos da Libertadores, somar o máximo possível de pontos e encaminhar a vaga para a segunda fase. E, enquanto isso, mesclar os jogadores enquanto o Estadual não vale nada.

Voltando aos reforços, o quarteto parece uma boa escolha. Há dois bons zagueiros no clube, mas de um segundo semestre irregular. Alex Silva, que vem de lesão séria, teria os primeiros meses do ano e o início de Paulista para ganhar ritmo e quem sabe servir de opção no mata-mata. Iarley e Tcheco contribuem com experiência, conhecem a Libertadores como poucos, jogam em várias posições do meio para a frente e, provavelmente, não se importariam com a reserva. Roberto Carlos está em idade avançada, mas justamente sempre primou pela parte física. É a bola de segurança numa posição de poucos nomes.

Você se perguntou sobre Riquelme? Outro nome que sabe tudo de Libertadores. Mas um assunto que merece um só post.

O talento e a irresponsabilidade do jogador brasileiro


O último clássico de Madri, no sábado, teve quatro jogadores brasileiros em campo: além de Kaká e Pepe, jogaram Marcelo, do Real, e Cléber Santana, do Atlético. Os últimos dois são o assunto do post - o jogo teve vitória merengue, como de praxe, por 3 a 2.

Marcelo e Cléber são os retratos da má formação do jogador brasileiro, que naturalmente tem um talento que não se compara a praticamente nenhuma outra escola, mas uma irresponsabilidade tática que muitas vezes também vem de berço.

Cléber Santana, escalado como volante ao lado do bastante móvel Raul Garcia, tinha a missão de iniciar o jogo colchonero. No Santos, ele havia deixado claro que rende melhor quando escalado mais à frente, dada a potência de seu chute. Responsável pela saída de bola, mostrou suas armas aos 4 minutos de jogo. Quis sair driblando na frente da área e perdeu a bola para Lass Diarra. Caído, viu Kaká finalizar e marcar o gol. Ao longo de toda a partida, a irresponsabilidade de Cléber Santana para um jogo seguro foi gritante, errando passes fáceis e passando bolas na fogueira.

Marcelo é um capítulo a parte. Escalado no meio-campo, deu show no primeiro tempo e fez até gol de pé direito. Após a expulsão de Sergio Ramos, outro jogador taticamente irresponsável e indolente, Manuel Pellegrini reorganizou a defesa com Arbeloa na direita e Marcelo na esquerda. O técnico ainda reforçou a marcação com Gago à frente da área, mas pouco adiantou.

Mais uma vez, o brasileiro mostrou que não serve para uma formação defensiva com quatro jogadores e cansou de levar bolas nas costas - uma delas deu origem a gol do Atlético. Cabe lembrar que o brasileiro foi responsável direto pela derrota para o Sevilla, a única do Real no Espanhol, falhando nos dois gols sevillistas.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fred é sinistro, muito sinistro


Januário de Oliveira marcou época narrando o futebol carioca na TV Bandeirantes da década de 90. Cheio de bordões, mandava um "Ele é sinistro" para os grandes craques. Se ainda estivesse na ativa, Januário - que batiza o excelente e irreverente blog Yougol -, diria que Fred é sinistro. A volta do atacante é o que dá mais esperança para a salvação tricolor, por mais que a diferença de cinco pontos para o 16 colocado sugira dificuldades.

Impressionam os números de Fred desde a volta após séria lesão muscular. São oito gols em oito jogos, com cinco vitórias e três empates. O matador ainda colaborou com duas assistências, para Alan contra o Santo André e para Mariano contra o Goiás. Também colocou o Fluminense nas semifinais da Copa Sul-Americana, marcando os três gols no duelo contra a Universidad do Chile.

Como mostram números do Footstats, Fred é o terror dos adversários. Recebeu 28 faltas nestes oito jogos, 3,5 por partida. Mais incrível é o aproveitamento em finalizações: são 32 nas oito partidas. Dessas, 19 foram no gol, 13 para fora. Na prática, a cada quatro finalizações, Fred coloca pelo menos duas no gol. E uma na rede.

Sinistro, muito sinistro!

- Antes da volta, Fred inspirou esse texto muito legal do Yougol.

O que precisa o Vasco em 2010


O Vasco, que confirma o acesso a quatro rodadas do fim com 68% de aproveitamento, cumpriu as expectativas para a temporada 2009. Sobrou na Série B, fez um Campeonato Estadual de bom nível para um início de ano pautado por reformulação e foi a equipe mais perigosa no caminho do título corintiano na Copa do Brasil, em que caiu nas semifinais. Dorival Júnior, Rodrigo Caetano, Carlos Alberto, Elton, Ramon, Fernando Prass, os jovens da base...há muitos responsáveis por este sucesso.

Vitoriosos como são, certamente Dorival Júnior e Rodrigo Caetano já pensam no que fazer para o famoso salto de qualidade do Vasco em 2010. O atual time não faria papel além de mediano na Série A e, portanto, precisa melhorar. A começar, claro, pela renovação do contrato de Dorival, que já tem salário alto, na casa de R$ 280 mil mensais em São Januário.

Conseguir manter Elton e Ramon é um segundo passo decisivo. Ambos foram fundamentais na temporada e negociar algum tipo de parceria com São Caetano e Internacional é possível, já que atualmente os dois jogadores não interessam aos elencos de seus clubes. Ampliar o contrato de Carlos Alberto, que vai até o meio do ano, é um desafio. Manter Phillipe Coutinho, que passa a ser da Inter de Milão em 2010, pode ser também uma aposta arrojada.

O Vasco precisa de reforços pontuais, como foram Ronaldo e Jorge Henrique para o Corinthians. Keirrison pode ser esse craque: se o declínio do jogador se ampliar no Benfica, a amizade com Dorival pode ajudar a trazê-lo como a estrela da companhia. No futebol brasileiro, ainda garantiria muitos gols.

Para a posição de Rafael Carioca, já sondado, é preciso mesmo outro reforço. Um volante de primeira linha é essencial e Léo Gago, do Avaí, pode auxiliar. Mas não é o cara - Rafael é. Falta ainda ao menos um zagueiro de ponta para um elenco de bons zagueiros médios. Nenhum nome foi sondado. São poucas boas opções disponíveis.

A tranquilidade para os vascaínos é que a direção do clube também parece pensar dessa forma. Mantendo seus principais jogadores e com bons reforços, o Vasco será definitivamente grande em 2010.

Matérias:

- Vasco deve ser terceiro melhor grande da década na Série B
- Vasco movimenta o sentimento e sobra na Série B
- Keirrison some no Benfica e Barcelona desconfia

domingo, 8 de novembro de 2009

Adriano e Diego Tardelli


Sem tempo de um post, apenas indico aos amigos matéria especial deste domingo, no Terra, sobre o duelo entre Diego Tardelli e Adriano, em instantes, no Mineirão.

Particularmente, muito legal ter falado com Nunes e Reinaldo.

- Reinaldo e Nunes escolhem o melhor entre Tardelli e Adriano
- Veja números especiais de Diego Tardelli e Adriano em 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tiro ao alvo! Qual o melhor?


Finalizar a gol é meio caminho para...fazer um gol. Portanto, quem é o dono da pontaria mais precisa do Campeonato Brasileiro? Se você disse Thiago Humberto, do Barueri, acertou. O meia que já tem tudo certo para ser colorado em 2010 é o finalizador mais eficiente, com 45% de acerto nesse fundamento, que revela dados surpreedentes.

Veja os 10 primeiros:*

1-) Thiago Humberto - Barueri - 45% de acerto
2-) Victor Simões - Botafogo - 44,6%
3-) Neymar - Santos - 43,9%
4-) Fred - Fluminense - 43,8%
5-) André Lima - Botafogo - 43,3%
6-) Hernanes - São Paulo - 43,1%
7-) Felipe - Goiás - 42,9%
8-) Paulo Baier - Atlético-PR - 42,6%
9-) Juninho - Botafogo / Val Baiano - Barueri - 42,3%
10-) Marquinhos - Avaí - 42%

* Foram considerados os jogadores com pelo menos 15 finalizações certas no Brasileiro. Os dados são do Footstats

Por que é o melhor


José Mourinho viveu um jogo psicológico nos últimos tempos. Afinal, foi contratado para vencer a Liga dos Campeões, como fez com o Porto, mas não vencia jogos por esta competição há oito partidas. Pior: perdia em Kiev até os instantes finais, resultado que deixava a Internazionale em frangalhos na competição europeia. Tudo virou em 180 graus no fim e gols de Diego Milito e Sneijder deram aos neroazzurri uma condição amplamente favorável para avançar. E enfim se encerrou a agonia de Mourinho.

Mourinho e a Inter venceram porque o técnico teve coragem de sobra. Espetou Thiago Motta marcando no meio para soltar Stankovic, Sneijder e mais três atacantes. No intervalo contra o Dínamo, parecia claro que só três pontos salvariam a Internazionale, que perdia por 1 a 0. Sem laterais no banco, o português foi arrojado e lançou Muntari por ali. E o ganês foi vital para o gol da virada.

José Mourinho é o melhor porque parece se ater a todos os detalhes da partida, característica que evidenciou já no Chelsea. Domina o jogo psicológico como ninguém e, de quebra, elege sempre seus jogadores como os melhores do mundo, como ele mesmo diz. Mourinho quase sempre sabe a hora de elogiar, a hora de cobrar, a hora de provocar....mas raramente irá contra os seus. Assim, por exemplo, tem conseguido domar Balotelli, um dos bons nomes na vitória heroica de Kiev.

O dom da palavra, a leitura tática, o arrojo, o domínio psicológico...Mourinho é um técnico quase completo. Lhe falta dar para a Inter um título europeu. A vitória em Kiev parece o momento que tira um time desacreditado do limbo e lhe torna campeão.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

É o mesmo São Paulo


Ricardo Gomes chegou ao São Paulo com a proposta de reformular a forma do tricampeão brasileiro jogar. De cara, como fizeram Leão, Autuori e Muricy, tentou jogar com dois zagueiros. Armou o meio-campo em losango, tentou algo diferente com Marlos titular. O tempo foi passando, o time escalou - e bem - a tabela do Campeonato Brasileiro, voltou ao 3-1-4-2 de 2008 e continua jogando exatamente do mesmo jeito.

A bola foi bem levantada por Tostão em sua última coluna. "Olho o São Paulo de Ricardo Gomes e vejo o mesmo time de Muricy". Completo, mestre: olho para o Palmeiras de Muricy e vejo o São Paulo. Muitas bolas esticadas, faltas táticas e marcação firme, e a boa e velha bola aérea. A herança de Muricy no Morumbi é tão grande que o time joga da mesma forma, mesmo sem ele por lá.

Miranda e André Dias sabem no automático o posicionamento na defesa. Hernanes só sente à vontade marcando e tendo os alas por perto para passar a bola. Jorge Wagner, idem. Só mesmo a planejada reformulação de 2010, que pode ter Marquinhos Paraná, Marcelinho Paraíba, Carlinhos Paraíba e Fernandinho, para realmente alterar o São Paulo.

O desempenho da equipe no Campeonato Brasileiro prova que, apesar do desgaste, a fórmula de jogo ainda surte efeito. Contra o Grêmio, o São Paulo foi melhor em quase todo o primeiro tempo, se controlando na defesa e com o meio bem posicionado. A questão é mudar de mentalidade, como fez o Real Madrid quando trocou Capello por Schuster. Por enquanto, o São Paulo que pode ser o tetra é o mesmo dos outros anos. Daí se questionar se Ricardo Gomes está entre os grandes técnicos deste Brasileiro.

Matérias:

- Com Ricardo Gomes, vermelhos crescem mais de 100%
- Grêmio encurrala São Paulo e pouco finaliza

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Baresi, Milan e o Real Madrid

Milan e Real Madrid também se enfrentaram pela Liga dos Campeões há 20 anos, em vitória italiana por 5 a 0 nas semifinais daquele ano. O time histórico de Arrigo Sacchi era o da linha defensiva intransponível, com Tassoti, Costacurta, Baresi e Maldini. Do meio-campo formidável com Ancelotti, Donadoni e Rijkaard, e do ataque magnífico do dueto Gullit-Van Basten.

Por essa lembrança, o El País falou com o gênio Franco Baresi em entrevista publicada na segunda-feira. O italiano, sem papas na língua, fala sobre o trabalho defensivo do Milan de Sacchi, que "surpreendia os adversários na marcação". Conta métodos do treinador, como presssionar seus quatro defensores diante de um coletivo contra 17 adversários do outro lado. Baresi, que fala sobre a empolgação que teve em marcar Romário e Bebeto em 1994, ainda fala sobre particularidades atuais de Milan e Real.

Baresi mostra entender um bocado do que ocorre fora das quatro linhas. Para o italiano, Kaká não pode jogar pelas beiradas do campo, setor onde falta rapidez ao Real Madrid de Manuel Pellegrini. Do Milan, o mestre italiano diz ser um time ainda muito forte, mas com seus principais jogadores sem condições físicas de render ao longo de 70 jogos na temporada. Mas, ainda assim, capazes de criar problemas como há duas semanas contra o Real, no Bernabéu, em vitória por 3 a 2.

No duelo entre merengues e rossoneri, nesta terça-feira, muito disso foi colocado em prática. Ao longo de todo o jogo, o Real Madrid tinha a sensação de que dominava e poderia vencer, mas falta organização time de Pellegrini, especialmente nos posicionamentos de Kaká e Benzema, um pouco perdidos em campo.

O Milan controlou o Real durante todo o tempo no San Siro, mesmo sem fazer um partida de imposição técnica. A linha defensiva esteve bem postada, Ambrosini e Pirlo cuidaram da frente da área e os rossoneri levaram perigo, sempre, com os lampejos de Seedorf e Ronaldinho, além de rápidas escapadas de um bom Alexandre Pato.

Na entrevista, Baresi bem observa que o Milan tem dificuldades para enfrentar times rápidos que lhe dão a bola. Aí, o experiente time, se tem suas linhas avançadas, sofre para recuperar a posse e passa a sofrer atrás. Quando pode se postar atrás e especular, vira um duríssimo adversário, como provou o Real mais uma vez.

Some a isso a experiência e o brilho de um elenco com pedigree europeu, e você terá um time capaz de ganhar a Liga dos Campeões mais uma vez.

Confira:

A entrevista de Baresi ao El País
Os gols de Milan 1 x 1 Real Madrid
Real Madrid 5 x 0 Milan, em 1989

Acabou a Série D

Se a primeira vez não se esquece, a edição inicial da quarta divisão do futebol brasileiro ganhou poucos motivos para ser lembrada. A competição é altamente deficitária e encontra desigualdades financeiras enormes entre os próprios participantes. E mesmo com uma das folhas salariais mais baixas da Série D, quem acabou ganhando foi o São Raimundo, de Santarém, interior paraense.

Na decisão contra o Macaé, melhor para o São Raimundo, um alento no momento decadente do futebol do Pará, que teve o Paysandu caindo prematuramente e o Remo sequer jogando a Série D.

Este blogueiro realizou, no Terra, uma série de quatro reportagens retratando cada um dos clubes que atingiram o acesso à Série C. Vale a pena conferir e atestar mais sobre a realidade da quarta divisão. De quebra, indico aqui ainda reportagem do Sportv, em Santarém, sobre a finalíssima que deu o título ao São Raimundo.

São Raimundo - na Série D, com Rei Arthur e Carpegiani
Macaé - sem casa e prestes a ganhar R$ 22 milhões
Chapecoense - riquinho da Série D, quer ser novo Avaí
Alecrim - 6ª opção do Rio Grande do Norte, mobilizou Natal



Um novo Willians

Willians, pela ponta direita, deixa Triguinho pra trás: liberdade para atacar

Há vários fatores para a ascensão do Flamengo que passam pelo comando de Andrade. Um desses é a evolução de Willians, um dos destaques da equipe no returno. O entendimento de que o volante tem potencial técnico para jogar mais à frente foi ótima percepção do treinador rubro-negro. E, de fato, Willians tem acrescentado muito na produção ofensiva do Fla.

Volante com liberdade para jogar no Santo André da última Série B, Willians saía para o ataque enquanto o veterano Fernando segurava a onda lá atrás. Assim, se destacou a ponto de interessar a muitos clubes da primeira divisão. Com Cuca na Gávea, o jogador sempre foi colocado como cão de guarda na defesa, por vezes até como um dos três zagueiros na campanha do tricampeonato carioca.

Andrade mudou radicalmente a forma de Willians se portar em campo. Na linha de três armadores (4-2-3-1), ele atua à direita, ajudando na marcação sem a bola, mas com volúpia ofensiva pelo corredor por onde desce Léo Moura. Mesmo na derrota contra o Barueri, sem Petkovic, a opção foi por colocar Willians do lado esquerdo, já que Zé Roberto é que fazia a função de Pet, e ele mais uma vez foi muito bem.