Wendel: joia atleticana descoberta em Ribeirão Preto
DE CICINHO A WENDEL, TODAS GRANDES REVELAÇÕES DO GALO TÊM A MESMA ORIGEM: RIBEIRÃO PRETO
DE CICINHO A WENDEL, TODAS GRANDES REVELAÇÕES DO GALO TÊM A MESMA ORIGEM: RIBEIRÃO PRETO
Ribeirão Preto e Belo Horizonte são cidades separadas por 520km e uma viagem de quase 6 horas de carro. Mas para jogadores de talento e um pouco de sorte, esse caminho do interior paulista à capital mineira é muito mais prático. Essa ponte feita sucessivas vezes já leva grandes promessas dos clubes ribeirãopretanos ao Atlético-MG há mais de uma década, em um negócio que recentemente se fortificou ainda mais com a chegada do Banco BMG.
No centro de todas essas negociações está uma empresa chamada Football Business, que abriu suas relações intermediando negociações de Comercial e Botafogo com o Atlético-MG. Com os dois clubes paulistas quebrados nos profissionais e nas categorias de base, ambas as partes se fortaleceram com o negócio, cujo primeiro grande fruto foi Cicinho, profissionalizado com a camisa atleticana em 2001.
A relação foi se fortificando pelos anos seguintes e, em 2005, vários jogadores oriundos de Ribeirão Preto já compunham o elenco profissional atleticano. Na temporada que culminou com rebaixamento para a segunda divisão, foram nomes como o goleiro Diego Alves, o zagueiro Lima, o volante Zé Antônio e o atacante Éder Luís os responsáveis por tentar livrar o Galo da queda que acabou sendo inevitável. Todos eles chegaram até a Cidade do Galo pela mesma via.
Atenta ao sucesso do negócio, a Football Business resolveu não ser mais uma mera intermediária. Com a boa relação com o Atlético-MG, independente de qual fosse o presidente, e dinheiro no bolso, tirou a dupla Come-Fogo da jogada e passou a ela própria captar os jogadores pela região de Ribeirão Preto e levar para o Galo, se tornando então parceira na divisão dos direitos econômicos. O lucro cresceu.
Na volta à elite, o Atlético-MG já exibia mais jogadores com o sotaque caipira do interior de São Paulo. Apostas de Emerson Leão, o volante Renan e o atacante Eduardo acabaram por não vingar, mas eram novos sinais, no time profissional, de que a relação vivia uma fase de amadurecimento e consolidação. Negócios bons para a empresa, melhores ainda para o Galo.
Apesar de toda a sua atitude normalmente radical e de ter mexido em vários setores do clube, Alexandre Kalil, eleito presidente do Atlético-MG no fim de 2008, não ousou alterar a parceria que leva jovens craques para a Cidade do Galo. É também de Ribeirão Preto que vem Renan Ribeiro, goleiro que esteve no Mundial Sub-20 com a seleção brasileira e se prepara para estrear entre os profissionais com Vanderlei Luxemburgo.
Atrás dessa promoção também está Wendel, destaque do Atlético-MG no título da Taça BH e do vice-campeonato do Brasileiro Sub-20 no último ano. Ele tinha 14 anos e atuava pelas escolinhas do Botafogo de Ribeirão Preto quando foi descoberto pela Football Business e agora já está há cinco anos com a camisa atleticana. É, da geração /91 do Galo, de longe o atleta com maior potencial. Um ano mais novo que ele, o volante Danilo também aguarda sua oportunidade.
Apesar dessa rede de sucesso, a empresa de Ribeirão Preto não tem um clube próprio, então vive de parcerias. É comum disputar competições com a camisa de outras equipes: nos Paulistas Sub-15 e Sub-17 do ano passado, o Comercial era, na verdade, a Football Business. Já na Copa São Paulo, a empresa era o Rondoniense.
Já neste ano, disputou a Copa São Paulo com a camisa do Vila Aurora-MT, adversário do Corinthians na primeira fase. O confronto com os corintianos abriu portas para três negociações: João Marcelo, Diego e Vítor - atleta mais novo da Copinha, com 15 anos - preparam mudança para o Parque São Jorge. Elder e Leonardo vão para o Fluminense.
Vila Aurora também está bem distante de Belo Horizonte, mas disputou a Copa São Paulo com o patrocínio do BMG na camisa. A negociação foi fruto de um acordo para o banco, agora também fundo de investimento, comprar direitos econômicos dos atleticanos Danilo, Renan Ribeiro e Wendel. A partir de agora, toda promessa descoberta pela Football Business, tem prioridade de compra do novo parceiro. Não custa lembrar que o BMG é o banco de propriedade de Ricardo Guimarães, ex-presidente do Atlético-MG, e ligado ao mensalão.
Se você pensou em criticar os empresários que lucram com esse baita negócio há mais de 10 anos, pense de novo. Pense e critique os dirigentes que sucatearam as categorias de base de Comercial e Botafogo, das mais tradicionais e prolíficas do estado de São Paulo. Onde há crise, incompetência e corrupção, sempre há também quem saia ganhando.
Coluna originalmente publicada no Olheiros.net
No centro de todas essas negociações está uma empresa chamada Football Business, que abriu suas relações intermediando negociações de Comercial e Botafogo com o Atlético-MG. Com os dois clubes paulistas quebrados nos profissionais e nas categorias de base, ambas as partes se fortaleceram com o negócio, cujo primeiro grande fruto foi Cicinho, profissionalizado com a camisa atleticana em 2001.
A relação foi se fortificando pelos anos seguintes e, em 2005, vários jogadores oriundos de Ribeirão Preto já compunham o elenco profissional atleticano. Na temporada que culminou com rebaixamento para a segunda divisão, foram nomes como o goleiro Diego Alves, o zagueiro Lima, o volante Zé Antônio e o atacante Éder Luís os responsáveis por tentar livrar o Galo da queda que acabou sendo inevitável. Todos eles chegaram até a Cidade do Galo pela mesma via.
Atenta ao sucesso do negócio, a Football Business resolveu não ser mais uma mera intermediária. Com a boa relação com o Atlético-MG, independente de qual fosse o presidente, e dinheiro no bolso, tirou a dupla Come-Fogo da jogada e passou a ela própria captar os jogadores pela região de Ribeirão Preto e levar para o Galo, se tornando então parceira na divisão dos direitos econômicos. O lucro cresceu.
Na volta à elite, o Atlético-MG já exibia mais jogadores com o sotaque caipira do interior de São Paulo. Apostas de Emerson Leão, o volante Renan e o atacante Eduardo acabaram por não vingar, mas eram novos sinais, no time profissional, de que a relação vivia uma fase de amadurecimento e consolidação. Negócios bons para a empresa, melhores ainda para o Galo.
Apesar de toda a sua atitude normalmente radical e de ter mexido em vários setores do clube, Alexandre Kalil, eleito presidente do Atlético-MG no fim de 2008, não ousou alterar a parceria que leva jovens craques para a Cidade do Galo. É também de Ribeirão Preto que vem Renan Ribeiro, goleiro que esteve no Mundial Sub-20 com a seleção brasileira e se prepara para estrear entre os profissionais com Vanderlei Luxemburgo.
Atrás dessa promoção também está Wendel, destaque do Atlético-MG no título da Taça BH e do vice-campeonato do Brasileiro Sub-20 no último ano. Ele tinha 14 anos e atuava pelas escolinhas do Botafogo de Ribeirão Preto quando foi descoberto pela Football Business e agora já está há cinco anos com a camisa atleticana. É, da geração /91 do Galo, de longe o atleta com maior potencial. Um ano mais novo que ele, o volante Danilo também aguarda sua oportunidade.
Apesar dessa rede de sucesso, a empresa de Ribeirão Preto não tem um clube próprio, então vive de parcerias. É comum disputar competições com a camisa de outras equipes: nos Paulistas Sub-15 e Sub-17 do ano passado, o Comercial era, na verdade, a Football Business. Já na Copa São Paulo, a empresa era o Rondoniense.
Já neste ano, disputou a Copa São Paulo com a camisa do Vila Aurora-MT, adversário do Corinthians na primeira fase. O confronto com os corintianos abriu portas para três negociações: João Marcelo, Diego e Vítor - atleta mais novo da Copinha, com 15 anos - preparam mudança para o Parque São Jorge. Elder e Leonardo vão para o Fluminense.
Vila Aurora também está bem distante de Belo Horizonte, mas disputou a Copa São Paulo com o patrocínio do BMG na camisa. A negociação foi fruto de um acordo para o banco, agora também fundo de investimento, comprar direitos econômicos dos atleticanos Danilo, Renan Ribeiro e Wendel. A partir de agora, toda promessa descoberta pela Football Business, tem prioridade de compra do novo parceiro. Não custa lembrar que o BMG é o banco de propriedade de Ricardo Guimarães, ex-presidente do Atlético-MG, e ligado ao mensalão.
Se você pensou em criticar os empresários que lucram com esse baita negócio há mais de 10 anos, pense de novo. Pense e critique os dirigentes que sucatearam as categorias de base de Comercial e Botafogo, das mais tradicionais e prolíficas do estado de São Paulo. Onde há crise, incompetência e corrupção, sempre há também quem saia ganhando.
Coluna originalmente publicada no Olheiros.net
2 comentários:
É Dassler, sou de Ribeirão Preto e sei bem o que acontece nos bastidores dos dois principais times daqui. No Bafo, a situação é mais critica, pois o clube não tem mais poliesportivo e espaço para a base (foi tudo leiloado para o pagamento de dívidas), alguns nomes quiseram assumir as equipes de base do Comercial, mas apenas esperavam surgir um bom negocio para abandonar o time. No Botafogo, categorias inferiores são terceirizadas e a nova diretoria tem discurso de investir na base. O que acontece é que, como o time deve, a maioria do dinheiro que entra no clube é registrado em uma conta paralela e a investigação fica complicada. Quando descobri um documento que tinha cheiro de tramóia, investiguei, publiquei, mas abafaram o caso. Ribeirão Preto é grande com costumes de cidade pequena, onde ainda há coronelismos que impedem a limpeza, inclusive, do futebol. O link da matéria mencionada segue http://ribeiraopretoonline.com.br/noticia.php?id=31205&secao=esportes-futebol&titulo=botafogo-muda-direcao-em-meio-a-denuncias-de-irregularidades-
Oi amigo, obrigado pelo comentário. Ótima a sua matéria. O pior é essa maré boa no Paulista encobrir tudo isso.
Abraço
Postar um comentário