sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O fiasco Felipão

Muito pode se dizer sobre a passagem ruim de Luiz Felipe Scolari no Palmeiras. Foram dois fiascos na Copa Sul-Americana, com direito a queda em casa diante do Goiás em 2010, e outros dois no Campeonato Paulista, sem ir à final. No Campeonato Brasileiro, foi 10º em 2010, 11º em 2011 e deixa a equipe desta vez em 19º, a sete pontos da fuga do rebaixamento. 

A Copa do Brasil, primeiro grande título palmeirense em mais de uma década e com méritos do próprio treinador, também pode ser vista por outro prisma: duas equipes de Série A (Grêmio e Coritiba) foram superadas. O orgulho recuperado durou pouco e o elenco, está evidente na Série A, não foi bem construído. 

Duas matérias publicadas por mim, no Portal Terra, ilustram bem a passagem de Felipão: 52% de aproveitamento, o nono índice entre 15 treinadores do clube desde 2001. Ao todo, 35 contratações, das quais 12 já foram liberados e só três renderam lucros. Mesmo com uma base em ascensão nos últimos tempos, Scolari ainda não revelou. Nenhum prata da casa, promovido por ele, fez mais de 10 jogos no time de cima. O investimento em salários supera R$ 15 milhões e, segundo o UOL, ainda foi paga indenização de mais R$ 1 milhão.


Abaixo, as duas matérias.  


FELIPÃO: 52% DE APROVEITAMENTO APÓS DOIS ANOS


Entre 15 treinadores que dirigiram o Palmeiras por no mínimo 10 partidas neste século, Luiz Felipe Scolari, demitido na tarde desta quinta-feira, tem a nona posição no aproveitamento de pontos disputados - no caso, o sétimo pior entre eles. Felipão, que deixa o atual campeão da Copa do Brasil na penúltima posição do Campeonato Brasileiro, comandou a equipe palmeirense em 164 jogos oficiais e seu aproveitamento foi de 52,6%. Venceu 70 jogos, empatou 49 e ainda teve 45 derrotas.

Felipão foi, de longe, o treinador com o maior tempo de trabalho e acumulou 164 partidas no comando, sem contar amistosos. Vanderlei Luxemburgo, em sua passagem no biênio 2008/09, foi quem mais se aproximou em número de jogos, com total de 113. O aproveitamento, entretanto, é bastante superior ao de Scolari, com 59,8% - o terceiro no ranking.

Acima dos dois está Jair Picerni, que disputou a Série B em 2003 e, ao todo, registrou 61,1% depois de 79 jogos no comando. Curiosamente, é justamente o principal cotado para substituir Felipão quem lidera o ranking: Emerson Leão, que levou o Palmeiras à Copa Libertadores via Brasileiro 2005, conquistou 61,4% dos pontos que disputou em sua passagem que chegou ao fim na temporada seguinte.

Felipão ainda é superado por Estevam Soares, Celso Roth, Luxemburgo (na passagem de 2002), Antonio Carlos Zago e Caio Júnior. Ele supera apenas seis treinadores entre os 15: Muricy Ramalho, Tite, Candinho, Levir Culpi, Bonamigo e Marco Aurélio.

Nas três temporadas em que ocupou o cargo, Felipão nunca superou os 57% de aproveitamento. Na análise dos três anos, individualmente, ele teve seu melhor desempenho em 2011: 56,8%, com 31 vitórias, 23 empates e 14 derrotas. O pior ano foi 2010, quando teve 48,7% de aproveitamento em 15 vitórias, 12 derrotas e 12 empates. Com o título da Copa do Brasil e 18 das 24 rodadas entre os rebaixáveis da Série A, não passou de 50,2% em 2012: 24 vitórias, 14 empates e 19 derrotas.

Veja ranking entre os treinadores do Palmeiras desde 2000*

1-) Emerson Leão (2005/06) - 58j - 31v-14e-13d - 61,4% 
2-) Jair Picerni (2003/04) - 79j - 42v-19e-18d - 61,1% 
3-) V. Luxemburgo (2008/09) - 113j - 60v-23e-30d - 59,8%
4-) Estevam Soares (2004/05) - 47j - 24v-12e-11d - 59,5%%
5-) Celso Roth (2001) 48j - 25v-10e-13d - 59,02% 
6-) V. Luxemburgo (2002) 30j - 16v-5e-9d - 58,8%
7-) Antonio Carlos Zago (2010) - 19j - 9v-5e-5d - 56,1%
8-) Caio Júnior (2007) - 60j - 28v-16e-16d - 55,5% 
9-) Luiz Felipe Scolari (2010-12) - 164j - 70v-49e-45d - 52,6%
10-) Muricy Ramalho (2009-10) - 34 jogos - 13v-11e-10d - 49%
11-) Tite (2006) - 20j -8v-5e-7d - 48,3%
12-) Candinho (2005) - 16j - 5v-5e-6d - 41,6%
13-) Levir Culpi (2002) 18j 5v-6e-7d - 38,8%
14-) Bonamigo (2005) - 16j - 5v-2e-9d - 35,4%
15-) Marco Aurélio (2001) - 10j - 2v-3e-5d - 30%

* Não atingiram o mínimo de 10 jogos: Jair Picerni (38,8% em 2006), Marcelo Vilar (33,3% e depois 13%), Murtosa (25%), Márcio Araújo (14,2%), Jorginho (76,1%) e Jorge Parraga (33%)

Veja as três temporadas de Felipão no Palmeiras*
2010 - 39j-15v-12e-12d - 48,7%
2011 - 68j-31v-23e-14d - 56,8%
2012 - 57j-24v-14e-19d - 50,2%

* Contabiliza apenas jogos oficiais

35 CONTRATAÇÕES, 3 VENDAS E NENHUMA REVELAÇÃO


Em pouco mais de dois anos com Luiz Felipe Scolari no comando, o Palmeiras contratou 35 jogadores e totalizou mais de três times completos em negociações. Só para o ataque, por exemplo, foram 13 atletas que chegaram de outras equipes. Com o aval de Felipão, o elenco palmeirense ainda recebeu sete laterais, cinco zagueiros, cinco volantes e ainda cinco meias. Nenhum goleiro chegou no período.

Entre os 35 jogadores, apenas três foram negociados a ponto de render lucros para o Palmeiras: Cicinho, Kleber e Adriano, de apelido Michael Jackson. Ainda há 20 outros que permanecem no elenco que luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Os outros 12 foram dispensados ou liberados, sem agradar.

Felipão ainda testou 12 jogadores das categorias de base no profissional, mas nenhum fez mais do que 10 partidas sob o comando dele, pouco prolífico no que diz respeito a revelações no Palmeiras.

Confira todos os jogadores contratados na era Felipão:
Laterais: Cicinho, Gerley, Paulo Henrique, Juninho, Arthur, Fernandinho e Leandro
Zagueiros: Leandro Amaro, Fabrício, Thiago Heleno, Henrique e Román
Volantes: Rivaldo, João Vítor, Chico, Wesley e Correa
Meias: Tinga, Valdivia, Pedro Carmona, Daniel Carvalho e Tiago Real
Atacantes: Kleber, Luan, Dinei, Adriano, Max Pardalzinho, Wellington Paulista, Maikon Leite, Fernandão, Ricardo Bueno, Barcos, Mazinho, Betinho e Obina

Confira todos os jogadores da base que Felipão testou:

Lateral: Luís Felipe
Zagueiros: Wellington e Luiz Gustavo
Volantes: Bruno Turco, Fernando, João Denoni, João Arthur
Meias: Jean, Felipe, Patrick Vieira
Atacantes: Miguel Bianconi e Caio

Foto: Adriano Lima / Terra

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