terça-feira, 18 de setembro de 2012

O legado de Liedson para os gols corintianos no clássico



Juninho e João Vítor foram profundamente infelizes, como já têm sido. Mas há méritos quase imperceptíveis nos dois gols corintianos que deixam o Palmeiras a oito pontos de distância para a fuga do rebaixamento. Eles passam pelo pé direito de Romarinho e pela cabeçada de Paulinho, além das incríveis oito defesas de Cássio. Mas passam também por Liedson. 

No Paulista de 2011, se formava o embrião do trabalho que efetivamente pode ser atribuído a Tite - não a perda do título em 2010, tampouco a queda para o Tolima. A comissão técnica dispunha Jorge Henrique, Morais e Dentinho no 4-2-3-1, mas quem trazia a principal célula para o DNA do novo Corinthians era Liedson, recém-chegado de Portugal. 

No ápice da forma técnica, mental e principalmente física, ele desarmava de maneira dedicada. As bolas roubadas à frente, percebeu a comissão corintiana, invariavelmente viravam gols ou lances de perigo. Vídeos foram compilados para dar sustentação à tese. A final da Liga dos Campeões entre Barcelona e Manchester United, em maio, virou vídeo motivacional para os jogadores. Se Lionel Messi combatia tanto, porque Dentinho, Morais ou Emerson Sheik iriam ficar com as mãos na cintura?

No Brasileiro de 2011, apesar do declínio na reta final, Liedson terminou com média de quase dois desarmes por jogo, índice de volante. Virou exemplo para todos, o que Tite atestou quando perguntou ao grupo quem era o jogador mais admirado, e o Velho, como ele era chamado pelos colegas, venceu com facilidade. O time onde todos marcam se consolidou como o que mais roubou bolas no título nacional, junto do rival Palmeiras. 

No clássico de domingo, o primeiro gol surge de bola que Martínez disputa insistentemente com Maurício Ramos e Romarinho leva de Juninho para marcar. O segundo gol começa com desarme de Danilo, bola com Romarinho, cruzamento de Douglas e gol de Paulinho. Na região ofensiva (ver diagrama abaixo), o Corinthians roubou cinco bolas, mas o Palmeiras só duas. Na intermediária, onde Danilo desarma, mais 15 desarmes corintianos contra 12 palmeirenses. Já surgiu gol assim de Sheik contra o Fluminense, Boca Juniors e São Paulo. De Martínez contra o Santos, de Romarinho contra o Boca e por aí vai. 


A falta de objetivos no Brasileiro limita a participação corintiana, mas ainda assim o time dirigido por Tite só está atrás de cinco equipes que desarmaram mais. Nesse momento, o maior exemplo é Douglas, cuja obsessão pela marcação impressiona: ele toma a bola duas vezes por jogo, acima de qualquer outro jogador da linha de frente. Sinal de que ainda há um pouco de Liedson no Parque São Jorge. 

Um comentário:

Rafael Zito disse...

Mais uma excelente análise!

Assino embaixo!

Um abraço.