terça-feira, 3 de novembro de 2009

Baresi, Milan e o Real Madrid

Milan e Real Madrid também se enfrentaram pela Liga dos Campeões há 20 anos, em vitória italiana por 5 a 0 nas semifinais daquele ano. O time histórico de Arrigo Sacchi era o da linha defensiva intransponível, com Tassoti, Costacurta, Baresi e Maldini. Do meio-campo formidável com Ancelotti, Donadoni e Rijkaard, e do ataque magnífico do dueto Gullit-Van Basten.

Por essa lembrança, o El País falou com o gênio Franco Baresi em entrevista publicada na segunda-feira. O italiano, sem papas na língua, fala sobre o trabalho defensivo do Milan de Sacchi, que "surpreendia os adversários na marcação". Conta métodos do treinador, como presssionar seus quatro defensores diante de um coletivo contra 17 adversários do outro lado. Baresi, que fala sobre a empolgação que teve em marcar Romário e Bebeto em 1994, ainda fala sobre particularidades atuais de Milan e Real.

Baresi mostra entender um bocado do que ocorre fora das quatro linhas. Para o italiano, Kaká não pode jogar pelas beiradas do campo, setor onde falta rapidez ao Real Madrid de Manuel Pellegrini. Do Milan, o mestre italiano diz ser um time ainda muito forte, mas com seus principais jogadores sem condições físicas de render ao longo de 70 jogos na temporada. Mas, ainda assim, capazes de criar problemas como há duas semanas contra o Real, no Bernabéu, em vitória por 3 a 2.

No duelo entre merengues e rossoneri, nesta terça-feira, muito disso foi colocado em prática. Ao longo de todo o jogo, o Real Madrid tinha a sensação de que dominava e poderia vencer, mas falta organização time de Pellegrini, especialmente nos posicionamentos de Kaká e Benzema, um pouco perdidos em campo.

O Milan controlou o Real durante todo o tempo no San Siro, mesmo sem fazer um partida de imposição técnica. A linha defensiva esteve bem postada, Ambrosini e Pirlo cuidaram da frente da área e os rossoneri levaram perigo, sempre, com os lampejos de Seedorf e Ronaldinho, além de rápidas escapadas de um bom Alexandre Pato.

Na entrevista, Baresi bem observa que o Milan tem dificuldades para enfrentar times rápidos que lhe dão a bola. Aí, o experiente time, se tem suas linhas avançadas, sofre para recuperar a posse e passa a sofrer atrás. Quando pode se postar atrás e especular, vira um duríssimo adversário, como provou o Real mais uma vez.

Some a isso a experiência e o brilho de um elenco com pedigree europeu, e você terá um time capaz de ganhar a Liga dos Campeões mais uma vez.

Confira:

A entrevista de Baresi ao El País
Os gols de Milan 1 x 1 Real Madrid
Real Madrid 5 x 0 Milan, em 1989

4 comentários:

Paulo Considera disse...

Dassler, discordo quando vc diz que o Milan controlou o Real Madrid.

O primeiro tempo foi um massacre do Madrid, finalizou 16 vezes ao gol do Dida. O segundo tempo foi mais igual.

Concordo quando vc diz que falta organização ao Real Madrid. E difícil definir como o time joga, se no 4-2-2-2 ou no 4-2-3-1. Ou até num 4-3-1-2. O Marcelo atacava como um meia, mas marcava como mais um volante próximo do Lassana e do Xabi Alonso.

Mas mesmo com essa liberdade exagerada que o Pellegrini dá a certos jogadores, o Real Madrid foi superior em grande parte do jogo de hoje.

Quanto ao Milan, acho que não vai longe. Meu palpite é de parar no máximo nas quartas da UCL e ficar em quarto no Italiano.

Dassler Marques disse...

oi paulo, valeu pelo comentário.

de fato, é difícil apontar uma tática do Real, e circunstancialmente parece mesmo um losango em alguns momentos.

no Italiano, realmente não vejo o Milan indo longe. no máximo, em terceiro lugar. mas, na LC, não duvido de nada.

contra o Real, não vi um domínio expresso da partida a favor dos espanhóis, mas mais na base do abafa e graças à posse de bola ofensiva.

André Rocha disse...

Paulo e Dassler,

É a mesma questão tática da seleção e agora do Flamengo: o time joga no 4-2-3-1, mas um meia pelos lados recua para marcar muito mais do que o outro, por característica, e cria a confusão.

Elano ou Ramires marca mais que Robinho, o mesmo com Willians em relação ao Zé Roberto. E Marcelo volta mais do que Higuaín.

É torto, mas não deixa de ser um 4-2-3-1, a meu ver.

Abraços!

Paulo Considera disse...

Perfeito André, concordo contigo. Flamengo, Real Madrid e Brasil se parecem nesse aspecto. Atacam num 4-2-3-1 e defendem num 4-3-1-2, mais ou menos por aí.

Mas ainda acho que o time do Dunga e do Andrade são mais bem definidos, mais fáceis de serem entendidos.

E é bom lembrar que o Marcelo só foi pro meio nos últimos 2 jogos. Antes tínhamos o Cristiano Ronaldo junto com o Kaká, e Marcelo na lateral. Depois, com a contusão do Cristiano, andaram jogando por alí Granero e Guti, nenhum dos 2 costumam jogar abertos como o Marcelo.

Enfim, parece que essa situação vai perdurar um pouco mais, pq hoje veio a notícia que o Cristiano Ronaldo vai ficar mais 1 mês fora. A macumba que o bruxo maluco lá fez parece que tá fazendo efeito..