segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Seleção feminina de futebol


Repasso aqui no Papo de Craque uma excelente matéria feita por Thiago Lavinas ao Globoesporte.com. Confesso não ser o fã número 1 do "futebol feminino", embora tenha vibrado muito com os lances das meninas durante o Pan e a Copa do Mundo. Mas torço muito por elas, e a reportagem abaixo mostra quão grande é o feito por Marta, Rosana e companhia, realizado nos gramados da China.


Seleção feminina cobra prêmio e apoio
Carta à CBF exige transparência e melhor estrutura; entidade responde

As jogadoras da seleção brasileira feminina de futebol cansaram de esperar e resolveram agir. Após o vice-campeonato na Copa do Mundo, redigiram uma carta à CBF exigindo mais apoio. O documento, preparado após a final da Copa do Mundo no hotel de Xangai, na China, foi assinado por todas as 21 atletas que disputaram o Mundial e, segundo elas, enviado por fax para a sede da entidade no Rio de Janeiro. Procurada pelo GLOBOESPORTE.COM, a CBF informou que a entidade ainda não recebeu o documento.


Muitas atletas não dormiram de domingo para segunda-feira, acertando detalhes das reivindicações. A decisão foi tomada após uma reunião de todo o grupo, que tem receio de que a derrota para a Alemanha na final da Copa do Mundo mantenha o futebol feminino esquecido no país. Elas citam como exemplo as melhorias que não vieram após a conquista da medalha de prata na Olimpíada de Atenas, em 2004.

No saguão do aeroporto de Paris, onde a seleção fez escala antes de seguir para o Brasil, as jogadoras que atuam no futebol nacional chamaram o supervisor Paulo Dutra e o chefe da delegação Raimundo Nonato e comunicaram a decisão. Elas entregaram aos dois uma cópia do documento enviado à CBF. A reunião durou cerca de uma hora.

Entre as reinvidicações mais sérias, as jogadoras cobram clareza em relação às premiações. Querem saber antes de qualquer competição oficial os valores que serão pagos caso a seleção fique em primeiro ou segundo lugar. E cobram também a divisão da premiação paga pela entidade organizadora da competição. Na Copa do Mundo, por exemplo, a CBF vai receber da Fifa US$ 850 mil (R$ 1,54 milhão) pelo vice-campeonato. As atletas afirmam desconhecer quanto caberá a cada uma delas.

A equipe também exige uma posição sobre a premiação da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos, que ainda não foi paga, assim como a do Sul-Americano de Mar del Plata, disputado no fim do ano passado. Até o valor recebido pela medalha de prata na Olimpíada de Atenas em 2004 (que só foi pago dois anos depois) é questionado no documento. Ele seria menor do que o prometido pelo patrocinador da CBF na época.

Outra reivindicação está no atual valor das diárias das atletas que é de RS 35 (no Brasil) e US$ 35 (R$ 63 - no exterior), sem considerar o desconto de impostos como o INSS. A quantia não é reajustada desde 2004. As jogadoras não possuem carteira assinada e afirmam que não é repassado nenhum tipo de comprovante do pagamento durante o período de treinos.

Problemas de infra-estrutura também são parte importante do documento. As jogadoras reclamaram da falta de suplemento alimentar, que, segundo o documento, foi cortado no início de 2007 por contenção de despesas. Elas também questionam a proibição da utilização da academia durante o período dos treinamentos e das competições.

Falta de cozinheiro teria atrapalhado campanha

O Brasil era a única seleção de ponta na Copa do Mundo sem um cozinheiro na China. As jogadoras sofreram por causa do forte tempero e emagreceram ao longo da competição, o que chamou a atenção da comissão técnica. O treinador Jorge Barcellos chegou a ir para a cozinha tentar mostrar como deveria ser preparada a comida para as atletas. Além disso, a seleção não levou alimentos típicos brasileiros como o feijão. Segundo as atletas, a falta de uma alimentação ideal prejudicava na recuperação muscular após as partidas, o que fez a meia Formiga sofrer com cãibras após dois jogos.

- Se sem nada essa seleção já chegou até aqui, imagina se tivesse apoio. Não dá mais para ficar assim - disse Marta após a derrota para a Alemanha.

Camisas e calções também causam descontentamento

Outro fato que desagradou as jogadoras foi a CBF não ter liberado as camisas e os calções dos jogos. As meninas exigem receber daqui para frente todos os uniformes usados durante a competição com os seus nomes. Algo que também incomoda é a falta de amistosos. Elas pedem que a equipe jogue mais e não se reúna apenas para disputar competições como acontece atualmente. A próxima partida da equipe, por exemplo, só seria daqui a seis meses: em abril, contra Gana, valendo vaga nos Jogos Olímpicos de Pequim. Até lá, a comissão técnica está liberada.

Nesta terça-feira a seleção desembarca no Rio de Janeiro às 5h20m, vinda de Paris.

CBF se defende e diz ser o mocinho da história

Procurada pelo GLOBOESPORTE.COM, a CBF comentou, por meio de seu assessor de imprensa Rodrigo Paiva, as principais reivindicações das jogadoras. Sobre a questão do pagamento da premiação pelo ouro do Pan, a entidade informou que será feito um pagamento casado, referente ao Pan e ao Mundial.

- A CBF não paga por vice-campeonatos, mas está considerando esse do Mundial uma conquista. Elas vão receber de forma casada junto com o prêmio do Pan. Não cabe a nós revelar o valor, que elas inclusive já deveriam saber, não sei por que ainda não sabem. Mas será uma quantia substancial, posso garantir. Sobre o Sul-Americano, elas ficaram em segundo e não garantiram vaga na Olimpíada. Não há prêmio por isso - diz Rodrigo Paiva.

A CBF informou ainda que aceita negociar um aumento no valor das diárias das jogadoras e que elas não recebem comprovantes referentes aos descontos de impostos porque o documento é coletivo, assinado por todas as atletas.

Sobre os problemas de infra-estrutura, a CBF lembra que, desde 2003, vem investindo muito no futebol feminino (cerca de US$ 2 milhões por ano). O cardápio das jogadoras é enviado pelo nutricionista responsável e supervisionado pelo médico da seleção. Na Copa de 2006, houve cozinheiro contratado para acompanhar a seleção masculina, mas, segundo a CBF, isto não acontece em 90% dos jogos e competições.

Por fim, a entidade informou que desconhece o motivo para os uniformes de jogo não terem sido liberados para as atletas. Sobre a preparação até abril, data do jogo contra Gana, que vale vaga olímpica, a CBF ainda não tem muitos detalhes, mas lembrou que a preparação para este Mundial teve, sim, muitos jogos.

- Elas fizeram amistosos contra Estados Unidos e Gana e ainda jogaram o Pan. Se vieram procurar o vilão, acharam o mocinho. A CBF é a única a investir no futebol feminino - finaliza Rodrigo Paiva.

3 comentários:

Unknown disse...

Enquanto isso a gente tem que aguentar a seleção principal, do grande Afonso Alves, em Resorts pelo mundo afora fazendo jogos pífios sem amor à nossa camisa canarinho de tantas glórias.
Se o futebol mostra seu amor hoje em dia, mostra nos pés dessas meninas.
Abraços, Dassler!

http://pandegosepatuscos.blogspot.com

Fernando disse...

O pior é que eu li que a CBF já jogou a responsabilidade pelo nacional de futebol feminino para cima do Governo Federal: caso este se recuse a banca-lo integralmente, o tornei não sairá. Pode?

jhessyka disse...

E um absurdo tudo isso que a cbf declarou, como podemos no século 21 estarmos tão cheio de proconceito?
Eu jogo futebol a muito tempo e nunca vi a seleção masculina reclamar de tais absurdos.tudo que nós mulheres queromos é que valorizem o nosso trabalho. não e possivél ter uma pessoas que não se omocionau com a seleção no pan.Se essas meninas já fazer muito sem a ajuda adequada imagina se tivermos do que uma seleção de ponta precisa, seremos um orgulhor mais do já samos para o país.
Não estamos pedindo muito só o que temos por direito!!!
Um grande beijo e feliz natal a todos!!!