segunda-feira, 19 de julho de 2010

O Brasileiro e a seleção, entre Mano e Muricy


A melhor definição que ouvi sobre o atual Corinthians foi de Estevam Soares, agora treinador do Ceará, há uma semana: é um time frio, disse ele em entrevista ao blogueiro na antevéspera do encontro entre os dois então líderes. Os corintianos têm sido tão gelados em campo que às vezes falta mais intensidade para fazer loucuras e achar mais gols. Ainda que tenha o melhor ataque do Brasileiro, está preso a alguns códigos de conduta dos quais jamais se desgarra. Não há dúvidas de que, em campo, o time que ponteia o Brasileiro há nove rodadas é também o retrato de seu técnico. Sempre frio e calculista.

O que fez o Fluminense na Vila Belmiro também mostra o quanto as ideias de Muricy Ramalho já se refletem muito claras nas Laranjeiras. Bastou um tempo mais longo de trabalho para que o espírito de jogo competitivo pregado sempre pelo treinador transformasse o time que antes tinha dificuldade em segurar resultados com Cuca. O Santos finalizou 19 vezes mas não fez. Hoje, ninguém ameaça tanto o Corinthians quanto o Flu.

É verdade que ainda há 29 rodadas por jogar e até 87 pontos para se somar, mas o Brasileiro se encaminha, aos poucos, para os times dos dois treinadores mais competentes dos últimos tempos no futebol nacional. Os principais concorrentes vão se eliminando um a um com atitudes erradas, negócios infelizes e as próprias fraquezas. Entre os 10 primeiros, com sangue frio, dá para dizer que só o Internacional é hoje capaz de buscar Corinthians e Fluminense, mas já há uma distância de oito pontos.

Coincidência ou consequência, a impressão é de que um dos dois ficará com a seleção brasileira, cuja coordenação se encaminha para Carlos Alberto Parreira. A CBF, representada na figura de seu presidente, não é uma entidade de atitudes flexíveis, o que dificultaria um diálogo com Felipão ou Leonardo, de problemas e diferenças no passado. Restam mesmo Muricy Ramalho e Mano Menezes, mas o grande problema é observar que as ideias de time que se possui para o futuro da seleção brasileira são bastante diferentes dos perfis dos dois treinadores.

Muricy Ramalho perderia o pescoço se ousasse jogar de verde-amarelo como jogou, no domingo contra o Santos, de tricolor. Suas ideias são conservadoras e o espaço que dá aos jovens é sempre limitado - basta ver o que aconteceu com Wellington Silva nos últimos meses. Já Mano Menezes não é exatamente contrário ao perfil desejado, mas adota estratégias que defendem, muitas vezes, o futebol de resultado, a vitória sob o menor risco possível.

São características que lhes trariam dificuldade na seleção brasileira, mas que podem dar a eles o título brasileiro em dezembro.

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