Eliminações do Brasil em Copas sempre geram desdobramentos nos anos seguintes. Foi assim desde a década de 50, quando se criou a ideia de que o problema da seleção era falta de organização e fragilidade mental. O fim do complexo de vira latas, em 1958, transformou Paulo Machado de Carvalho em um personagem fundamental na história de nosso futebol. Daí, perdemos jogando bonito em 78, 82 e 86. Não à toa, a seleção de Lazaroni ficou marcada como uma das mais feias a vestir o verde-amarelo em Mundiais.
O senso comum depois da virada imposta pelos homens de laranja, em Port Elizabeth, é de que a seleção de Dunga deu as costas para a essência do futebol brasileiro, o que indica a avaliação que provavelmente se fará pelos próximos meses. Depois dos gols de Sneijder, foi de dar dó a falta de recursos que o time de Dunga mostrou em campo. Felipe Melo, o homem do passe mais qualificado, fez o que fez. Kaká, sempre dependente da velocidade, se encostou na ponta esquerda e desapareceu. Robinho, apático, deu ainda mais argumentos a seus críticos.
A falta de toque de bola que revoltou brasileiros e até europeus tende a ser substituído por um novo estilo daquela que se imagina ser a equipe de 2014. Afinal, entre os mais promissores estão virtuosos como Hernanes, Giuliano, Ganso e Neymar. Só não se pode é dar as costas para pontos positivos no trabalho feito entre o Mundial da Alemanha e o da África do Sul.
O senso de unidade que Dunga deu ao elenco foi algo particularmente muito positivo em relação a 2006, quando os objetivos pessoais invariavelmente estavam à frente do conjunto. O grande pecado do treinador da seleção é ter colocado fatores extracampo à frente de critérios técnicos, o que deixou Ronaldinho Gaúcho fora da lista final e não permitiu uma aposta em Neymar ou Ganso. Seriam eles os jogadores para uma mudança de estilo dentro das partidas, mas o que se absorveu da queda diante da França foi além do necessário.
Aprender com derrotas e manter o que dava certo é justamente a maior explicação para o sucesso holandês neste Mundial. O time da última Eurocopa fez apresentações históricas contra italianos e franceses, justamente os finalistas da Copa 2006, mas se permitiu erros defensivos que deram à Rússia uma vitória no mata-mata. Bert Van Marwijk não cortou o talento, mas trouxe muito mais segurança à Orange. Não foi só em campo que a Holanda deu uma lição aos brasileiros.
HOLANDA (4-2-3-1) x BRASIL (4-2-3-1)
Melhor em campo: Sneijder
Melhor do Brasil: Juan
O leão: De Jong
O preguiça: Robinho
A imagem do jogo: Pisão de Felipe Melo em Robben simbolizando o fim da segunda Era Dunga
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