terça-feira, 1 de maio de 2007

Galo x Cruzeiro, por Braitner Moreira

Abro espaço para um texto delicioso feito pelo amigo Braitner Moreira, futura figura, quem sabe, no jornalismo esportivo. Talento ele tem!

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"Atlético Mineiro 4 x 0 Cruzeiro"

Na Roma Antiga, era comum o encontro entre gladiadores. Nos anos que precederam o nascimento de Cristo, eram esses desafios os principais espetáculos para a população local. Em 207 a.C., doze grandes retiários de uma rica região mineiradora uniram-se na organização de um torneio decisivo para as pretensões de cada um daqueles que se dizia o melhor gladiador da região. E como era de praxe nesse tipo de competição, não era necessário fazer bonito: bastava fazer bem, e, regra de via, destruir o rival.

Após seguidos combates, a luta final colocava frente a frente os renomados gladiadores de Pulchri Horizontis. Uma semana de muito disse-me-disse criava uma enorme expectativa na população. Na apinhada arena local, o público lutava para conseguir uma melhor colocação para acompanhar o duelo. Nos primeiros equilibrados minutos de luta, os dois adversários apenas se estudaram. Galus, após um momento de hesitação, conseguiu um pequeno arranhão em Raposus ao se recuperar de um golpe em falso. Depois de horas de combate, os dois estavam exaustos e ninguém havia sido seriamente atingido. Chegaram à conclusão que um descanso seria providencial.

Alguns minutos depois, os dois retornaram. Raposus, ainda desatento, sofreu o primeiro golpe de real efeito de Galus. Atordoado, Raposus parecia perdido. E adiantou-se demais numa tentativa de ataque, deixando a retaguarda aberta e abrindo espaço para ser novamente atingido. Os ataques inócuos de Raposus pareciam apenas fortalecer o rival, que conseguiu desarmá-lo com facilidade para desferir um terceiro e mais letal golpe, enquanto Raposus abaixava para buscar sua espada.

Galus mantinha-se concentrado, sabia que não poderia colocar tudo a perder. E Raposus, hipnotizado, deu as costas para seu oponente. Até que um quarto golpe sepultou suas chances de vitória. Galus estava exultante. A torcida estava alvoroçada. Bigodus, proprietário de Galus, fazia chacota com Perrellus, proprietário de Raposus. O qual, aliás, não se levantava. O que era apenas um detalhe físico para algo que já acontecia psicologicamente desde o início do torneio.

2 comentários:

Mateus Ribeirete disse...

hahaha FATO que ficou muito bom; FATO que o Braitner tem futuro e FATO que ele mora na cidade mais loca do país.

Anônimo disse...

Hahaha, excelente.

Por isso que contratei esse garoto :P