quinta-feira, 3 de maio de 2007

"Carlo e Gennaro"


Seu Carlo sempre foi um sujeito precavido. É daqueles que não saem de casa sem um guarda-chuva à tira colo, nem que lá fora esteja um sol de torrar os miolos. É daqueles que jamais sairá de carro se não tiver um pneu como estepe no porta-malas. Ainda que os jovens lhe aborrecessem, Seu Carlo sempre, ou quase sempre, se deu bem na vida dessa maneira, assim meio pé-atrás. Ou todo.

A fama que Seu Carlo acumulou em liderar operários se espalhou por sólo italiano. Seu sucesso maior havia sido em Parma, em uma pequena empresa de laticínios. Tempos depois, ganhou um honrado posto diretivo em Milão, onde anteriormente, ainda jovem, havia sido um operário dos mais dedicados. O sucesso milanista provocaria amargor na boca daqueles que durante muito tempo se dedicaram a criticar os métodos fiéis de Seu Carlo.

Quando chegou a Milão, logo o novo chefe tratou de selecionar funções para os membros mais destacados de seu proletariado. Andrea, elegante e inteligente, foi escalado para assistente. Paolo e Alessandro, sujeitos de experiência e total confiança, designados gerentes. Ricardo, brasileiro, o operário mais eficiente da turma, recebeu como função comandar toda a produção, amparado por Clarence, tido como um funcionário versátil. Nelson, negro, alto, e de seriedade inabalável, era o responsável pelo sistema de segurança.

Mesmo com uma turma honesta e competente, Seu Carlo jamais poderia abrir mão de uma segurança ainda maior. Por isso solicitou a aquisição de um cão-de-guarda capaz de cativar os funcionários e proteger todos os arredores da empresa. Recebeu Gennaro, um pitbull de pedigree aprovado por escoceses, o que convenhamos é um pedigree e tanto. Mesmo que em sólo italiano.

Gennaro se tornou indispensável. Em muitas oportunidades, visitantes indesejáveis ameaçaram a eficiência do serviço de Nelson. Em várias delas, Gennaro, leal ao chefe, foi acionado. Dessa forma, Seu Carlo só faz a empresa crescer. Nos últimos anos, a sintonia com o quadro de trabalhadores é visível. E os resultados não param de progredir. Lealdade parece a palavra. Seja nos métodos de seu Carlo, na capacidade que Gennaro tem em proteger Nelson, sujeito competente. E também no serviço de Ricardo, hoje tido com justiça como o mais eficiente funcionário da empresa Milan.

6 comentários:

Maurício disse...

Que coisa, o Gattuso virou exemplo de jogador. Em tempos de correria, muita marcação e pouca criatividade, dá nisso.

Mas a gente tem que se acostumar, né poio? Gattuso é raça pura e Kaká é talento puro. Uma boa mescla e você tem um time finalista!

Anônimo disse...

textos bem épicos agora hein hehehe

poutz, kaká e o seedorf tão jogando o fino da bola!!!!!

kem sabe num dá um spfc x liverpool de novo no fim do ano? =P

Unknown disse...

Excelente crônica Dassler.
Penso que o Ricardo deve ganhar o prêmio de melhor funcionário do mundo.
A volta do Alessando foi providencial para a estabilidade da empresa. Hehehe.
Gattuso é essencial ao time rossonero, sua raça é incrível.
Abraço. ;]]

ff disse...

Ótimo texto!!! Time de operários, quase aposentados, mas ainda sim operários!!! O que achei mais interessante é que Clarence e Ricardo não tem estrelismos, parece que se gostam muito e tocam fácil

Braitner Moreira disse...

Gattuso! Taí um jogador que sempre gostei. Todo time deveria ter um jogador técnico e criativo como Gennaro. Ele decide.

Anônimo disse...

Semplicemente perfetto