sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Tentando entender a cabeça de Mourinho


O segundo tempo interista contra o Barcelona foi excessivamente cauteloso, como muito já se disse nas análises pós-jogo. A ponto de a posse de bola da Internazionale ser de 33% contra 67% do Barça, com 23 minutos dos italianos contra 44 minutos dos espanhóis, segundo dados da Uefa. Mas o que se passou na cabeça de Mourinho na estreia dos dois times pela fase de grupos da Liga dos Campeões?

Imagino que Mourinho, em certo ponto do jogo, tenha detectado que não era possível medir forças com o Barcelona de Guardiola. A verdade é que a partida entre os dois times valia muito mais no campo psicológico que para o futuro na competição, onde interistas e barcelonistas certamente vão avançar. Se guardar atrás e garantir um ponto era mais negócio para a Inter, que ainda teve um par de chances em contra-ataques.

Mourinho não é e nunca foi um técnico retranqueiro. Quando dirigia o Porto, venceu a Liga dos Campeões eliminando times mais fortes com mais volume de jogo. Na Inglaterra, foi o primeiro treinador de clubes de ponta, nos últimos anos, a adotar o 4-3-3, que tinha Robben, Drogba e Duff e foi bicampeão inglês com o Chelsea.

O momento contra o Barcelona era de se fechar, guardar um ponto e esperar um enfrentamento decisivo, em que a Inter estará mais pronta. É o que pensa o blogueiro sobre o que pode pensar o Special One. Uma estratégia correta.

6 comentários:

Filipe Nunes disse...

Respeito muito a análise, principalmente pq é mais fundamentada que a minha. Então vou me referir apenas à questão de 3 atacantes no Chelsea, que eu não engulo.

Pra mim, 3 atacantes são 3 atacantes: Messi, Henry e Eto'o/Ibrahimovic.

Robben e Duff são wingers, portanto um 4-5-1 (ou desmembrado como tanto gostam: 4-1-4-1, no caso do Chelsea) que é utilizado por muitos times da Inglaterra hoje e naquela época. Ou, por acaso, o Liverpool joga com 3 atacantes pq são escalados Riera, Kuyt e Torres?

Discordo veementemente da ideia de que Mourinho não seja retranqueiro. Ao contrário, é um dos mais bem-sucedidos retranqueiros do futebol atual.

Transformou o Chelsea numa verdadeira fortaleza defensiva - com raríssimos momentos de brilho ofensivo - e, por essa virtude, não tomava gols (batendo recordes nesse quesito, inclusive) e ganhava muitos títulos. Abraço.

Dassler Marques disse...

Mas Filipe, o Liverpool atual joga em 4-2-3-1 e o Chelsea de Mourinho jogava sim em 4-3-3. Messi é tão atacante quanto Robben, Duff e Joe Cole. E não existe no futebol atual nenhum time que jogue com 3 atacantes puros, nem pode existir.

O Chelsea de Mourinho realmente tinha uma defesa fabulosa, com Cech, Terry, Carvalho e Gallas em altíssimo nível. Mas também marcou 72 gols em 2004/2005 e repetiu a marca na temporada do bi. Não são números de time retranqueiro.


E valeu o debate, claro. Abraço

Dassler Marques disse...

Aliás, só completando. Não era um 4-1-4-1, como utiliza, por exemplo, o Arsenal em muitos momentos. Era um 4-3-3, a meu ver, claro, e com os dois ponteiros voltando para recompor o meio, o que é normal.

Filipe Nunes disse...

Dassler, é que muitos veem essa questão do 4-2-3-1 de uma forma diferente da minha. O exemplo do Liverpool não foi feliz. Realmente, o Riera não é tão atacante qto Robben e Duff, por exemplo.

Chamam o esquema tático do Corinthians de 4-2-3-1, mas Dentinho e Jorge Henrique são atacantes e recompoem o meio assim como faziam Robben e Duff e como não faz Messi.

Pra mim, se Dentinho/Jorge Henrique e Robben/Duff simulam exatamente a mesma função tática, seus times deveriam ser vistos jogando no mesmo esquema tático. Seja qual for o desmembramento do meio-campo de cada um.

Em relação aos números de ataque do Mourinho vc tem toda razão. O que me incomoda é o desempenho, ou melhor, a estratégia e não os resultados. Um time com tal trio atacante e mais Lampard poderia ter ficado na história por atuações, também, do seu ataque.

Claudio Sacramento/BA disse...

Concordo plenamente com o blogueiro e com Mourinho. Qualquer time inferior que tentar medir forças de igual para igual com o Barcelona provavelmente cometerá um suicídio. Jogar recuado e usar apenas 3 jogadores para o contra-ataque é muito mais negócio mesmo. Darei 2 exemplos: na temporada passada, pelo Campeonato Espanhol o Real Madrid tentou sair pro jogo contra o Barça. Resultado: 6 a 2 para o time catalão em pleno Santiago Bernabéu. Claro que neste dia todos os jogadores do Barça estavam no seu melhor dia e com grande motivação. Um exibição de gala é pouco para definir a atuação daquele time. O outro exemplo é das semifinais da Liga dos Campeões. O Chelsea jogou contra o Barcelona da mesma forma que a Inter jogou na última quarta. E por 1 ou 2 minutos o time de Guus Hiddink não eliminou o time de Guardiola. A diferença principal foi que Sneijder não conseguiu ligar o meio de campo com o ataque do time de Milão. Já o Chelsea encaixou alguns contra-ataques perigosos.

Dassler Marques disse...

Pra mim, Filipe, a diferença é que no Chelsea de Mourinho, o do meu 4-3-3, havia um volante plantado (Smertin) e dois volantes/meias (Tiago pela direita e Lampard pela esquerda) saindo para apoiar os três da frente.

Já no Liverpool e Corinthians, há dois volantes claros (Xabi e Mascherano e Elias e Cristian) e um meia na frente (Gerrard e Douglas).

Valeu :)