sábado, 20 de junho de 2009

A Era Muricy


A voz embargada de Muricy Ramalho na entrevista coletiva concedida neste sábado não é diferente da de quinta-feira, dia da eliminação diante do Cruzeiro. O próprio treinador admitiu que estava ciente da chance de deixar o clube, após 262 partidas no comando nesta sua segunda passagem de aproximados 42 meses. A necessidade de oxigenar o ambiente custou mesmo o cargo de Muricy.

Os três títulos brasileiros e os 64% de aproveitamento dizem muito a respeito da competência do treinador, que venceu 139, empatou 67 e perdeu 46. Para ele, pesaram mesmo as quatro derrotas consecutivas para rivais brasileiros em Libertadores, bem como as seis eliminações em 16 jogos de mata-mata.

Muricy Ramalho é o técnico do treinamento, das mudanças táticas precisas, de moldar o time de acordo com o adversário e usar, ao máximo, os jogadores que tem, nas mais diferentes posições. Com ele, Belletti, Elder Granja, Jorge Wagner e Zé Luís viraram laterais, ou alas. Richarlyson virou volante, zagueiro, lateral-esquerdo. Dagoberto foi ala, meia. Hernanes, era meia e virou volante. Fernandão era centroavante e virou meia. Souza era meia e virou ala, volante. Leandro, atacante, jogou de tudo. E por aí vai. Como ele mesmo diz: "isso é trabalho, meu filho".

E Muricy é um dos maiores trabalhadores do futebol brasileiro. Dos que mais conhecem, dos que menos sabem perder - e foram só 46 derrotas em 262 jogos. Daí as respostas rípidas em coletivas, às vezes vistas como grosseria, outras vezes como folclóricas. Mais do que nunca, Muricy Ramalho precisa de descanso: comandar um clube grande paulista é exaustante e sua voz embargada já diz muito do estresse que ele carregava.

Que volte, em 2010, para montar outro grande projeto, em um clube que lhe dê o mesmo respaldo que o São Paulo - ou Juvenal - lhe deram nesses três anos e meio. A Era Muricy no Morumbi chegou no seu final.

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