terça-feira, 8 de junho de 2010

Na volta do blog, os problemas de Fossati e dos treinadores estrangeiros que passam pelo Brasil


O tempo de pausa foi além dos 30 dias prometidos, portanto o primeiro post dessa volta precisa trazer de cara um pedido de desculpas. Como estamos nas portas da Copa do Mundo, e o Papo de Craque trará muitos textos a partir de agora, vamos pular alguns assuntos importantes que ocorreram no período.

Já não vale mais falar da convocação de Dunga, da eliminação corintiana na Libertadores e do ressurgimento no Brasileiro, dos promissores confrontos de reta final da Copa do Brasil e da mesma Libertadores e de como o Cruzeiro vai se desfazendo de suas boas peças. Entre tantos temas perdidos pela parada, vamos pescar apenas um: a dificuldade que Jorge Fossati teve em se adaptar ao futebol brasileiro, algo bastante comum aos treinadores estrangeiros que têm passado por esses campos.

Analisando apenas de forma objetiva, os defensores de Fossati poderão dizer que ele não foi mal no Beira-Rio. Afinal, o objetivo era chegar até a semifinal da Libertadores, e isso ele fez, e no Gauchão ficou a um gol do título e venceu dois dos três Gre-Nais que jogou. A questão é que, na prática, o uruguaio fracassou, sim, no futebol brasileiro.

Teve momentos críticos no Estadual, como derrotas contundentes para São José e Caxias, e só venceu a Taça Fábio Koff com uma virada inacreditável contra o Pelotas. Fora do país, foi incapaz de vencer os medíocres Cerro-URU, Emelec e Deportivo Quito, sempre empatando. No mata-mata, foi duas vezes até a Argentina e perdeu para Banfield e Estudiantes. No Brasileiro, fez quatro jogos e foi batido em três, fechando a trajetória de 33 partidas com uma humilhante virada imposta por um Vasco, se prova dia após dia, muito enfraquecido.

Fossati, ao contrário do que se pode pensar, não é treinador ruim. Só não serve ao futebol brasileiro. Por que o treinador, antes de tudo, precisa entender a alma do jogador, e o uruguaio não entendia bem sobre o nosso jogador ainda que tivesse cinco estrangeiros no elenco. Suas preleções eram longas e enfadonhas, a pré-temporada foi quase toda preenchida por treinos táticos e ele impunha métodos por aqui incomuns como acordar cedo no dia de jogo e realizar longas sessões de aquecimento às 9h da manhã.

Não foram também poucas as ocasiões em que Fossati perdeu a linha diante da imprensa gaúcha e isso certamente arrasou a imagem do uruguaio. Só na reta final de sua passagem pelo Brasil é que o treinador contratou uma empresa para cuidar de sua reputação e orientar por trás das câmeras, mas a caveira já estava pronta. Ele jamais se conformou com o tom provocador e que sempre lhe questionava por mais resultados, em que pese seu trabalho ainda estivesse na fase de curto prazo. O que se vê e se pensa do futebol no Brasil, não compreendeu o ex-técnico do Inter, é diferente de toda a cultura dos outros países latinos.

Como se não bastasse o extracampo, Fossati também se perdeu na arrumação da equipe. A cada vez que tentou recuar o time e jogar pelo resultado, geralmente atuando com três homens atrás, não atingiu objetivos. Não faz parte da cultura brasileira se defender e conseguir resultados dessa forma, por mais que o futebol gaúcho tenha suas peculiaridades e uma disciplina tática superior ao resto do país.

Variações de três para quatro defensores não são assimiladas com tanta facilidade e o uruguaio também tentava isso com naturalidade. Na frente, variou entre 4-2-2-2, 4-2-3-1 e 4-3-1-2, mas o sistema ofensivo jamais se mostrou suficientemente mecanizado para envolver os rivais.

No fim das contas, acertou e teve sorte o Internacional ao mantê-lo até onde manteve, situação idêntica a de Tite em 2009. A parada para a Copa do Mundo é tempo de encontrar um treinador que extraia o máximo do ótimo elenco. Se fechar com Adílson Batista, o Colorado acerta em cheio.

NÚMEROS DE FOSSATI NO INTER
33 jogos
18 vitórias
6 empates
9 derrotas
Gols pró: 59 / gols contra: 37
Artilheiro: Alecsandro, 13 gols em 26 partidas
Esquema tático mais utilizado: 3-4-1-2

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