sexta-feira, 25 de junho de 2010

Resumos: Grupo G e Grupo H


GRUPO G: Brasil 7 pts - Portugal 5 pts - Costa do Marfim 4 pts - Coreia do Norte 0 pt

BRASIL
Sistemas táticos: 4-2-3-1 / 4-2-3-1 / 4-2-3-1
Nota do time: 7,5
Nota do treinador: Dunga - 7,5
Melhor jogador: Maicon
Melhor jogo: Brasil 3 x 0 Costa do Marfim
Também foram bem: Juan, Elano, Kaká e Robinho
Decepção: Michel Bastos
O que deve melhorar: Objetividade na frente
Até onde vai: final

Há poucas surpresas a respeito do desempenho brasileiro nesta primeira fase. Não se podia esperar que o time de Dunga não terminasse na liderança, ou que não tivesse dificuldades contra a retranca norte-coreana, e tampouco que não somasse os pontos nos jogos importantes. A Seleção atual é assim: segura atrás, equilibrada no meio e prática na frente. Sempre, em todos os momentos agudos, um osso duríssimo de roer. Competitiva ao extremo, um time com a cara de seu treinador.

Pontos importantes precisam ser melhorados. A coluna de Júlio César merece atenção, Michel Bastos não pode ser tão nulo, Felipe Melo deve ouvir verdades e reconsiderar, Kaká tem que manter o papel de dono da equipe. No pobre jogo contra Portugal, vimos todos o quanto ele é indispensável, o quanto precisamos de sua técnica e de sua liderança nas ações ofensivas. O mais importante é que todos que fazem parte do ambiente têm essa noção.

Ao Brasil, o chaveamento se apresenta favorável nas oitavas. Das sete seleções que brigam pela final, só a Holanda, em condições normais, pode tirar os brasileiros da decisão. Pondere então que, apesar da grande fase do conjunto e de craques como Sneijder e Robben, os holandeses têm uma camisa leve como uma pluma. E como o Brasil em peso, técnica e mentalidade vitoriosa, só Itália e Alemanha. Felizmente, longe do percurso canarinho.

PORTUGAL
Sistemas táticos: 4-3-3 / 4-3-3 / 4-3-3
Nota do time: 6,5
Nota do treinador: Carlos Queiroz - 7,0
Melhor jogador: Raul Meireles
Melhor jogo: Portugal 7 x 0 Coreia do Norte
Também foram bem: Eduardo, Coentrão, Tiago e Cristiano Ronaldo
Decepção: Deco
O que deve melhorar: Defender não basta, é preciso saber atacar
Até onde vai: oitavas

Mesmo depois de três jogos, não é exatamente possível saber quem é Portugal, quais as intenções de Carlos Queiroz e o que esse time pretende dentro de campo. A estreia, sob tensão, foi marcada por um certo domínio marfinense, algo como 60% a 40%. Depois, uma enxurrada de gols contra a pobre Coreia do Norte, perdida sem saber o que fazia depois de buscar a bola duas vezes no fundo da rede. E diante dos brasileiros, uma equipe com todos atrás da linha da bola torcendo por um 0 a 0. Mesmo com um potencial técnico muito interessante, este parece ser o time com dificuldades em ser protagonista em um grande confronto. Assim, fica difícil ir longe na mesma chave de Espanha, Alemanha e Inglaterra.

COSTA DO MARFIM
Sistemas táticos: 4-3-3 / 4-1-4-1 / 4-3-3
Nota do time: 5,5
Nota do treinador: Sven-Goran Eriksson
Melhor jogador: Yaya Touré
Melhor jogo: Costa do Marfim 0 x 0 Portugal
Também foram bem: Barry e Tiene
Decepção: Kalou

Não foi de toda ruim a participação de Costa do Marfim na Copa, especialmente se considerarmos que Drogba jogou com problemas importantes e que Eriksson chegou à África com o avião alçando voo. O azar esteve mais uma vez alguns meses antes, no sorteio, que novamente deixou o país em maus lencóis - em um grupo mais simples, seria possível embalar e chegar com força ao mata-mata. Mesmo assim, segue sendo uma seleção com as mesmas mazelas de outras vizinhas. Futebol excessivamente tático, pouca inspiração e jogo baseado em individualidades.

COREIA DO NORTE
Sistemas táticos: 5-3-1-1 / 5-3-1-1 / 5-3-1-1
Nota do time: 5,0
Nota do treinador: Kim Jong Hun - 5,0
Melhor jogador: Jong Tae Se
Melhor jogo: Brasil 2 x 1 Coreia do Norte
Também foram bem: Pak Chol Jin e Ji Yun Nam
Decepção: Hong Yong Jo

Mesmo com o desconhecimento da imprensa geral, por motivos óbvios, já se sabia a proposta de jogo excessivamente defensiva dos norte-coreanos. É importante que o país tenha jogado o Mundial, o que sempre traz reflexos importantes para o futebol local, gera algum tipo de investimento e assim também alguma evolução. Por enquanto, o time que jogou com cinco zagueiros fixos em sua primeira linha, um losango no meio e só um homem à frente, não possui argumentos para jogar uma Copa. Em que pese a ótima impressão deixada por Tae-Se, um jogador digno de atenção de equipes médias da Europa.

GRUPO H: Espanha 6 pts - Chile 6 pts - Suiça 4 pts - Honduras 1 pt

ESPANHA
Sistemas táticos: 4-2-3-1 / 4-2-3-1 / 4-2-3-1
Nota do time: 7,0
Nota do treinador: Vicente del Bosque - 5,5
Melhor jogador: David Villa
Melhor jogo: Espanha 2 x 1 Chile
Também foram bem: Piqué, Capdevilla e Xabi Alonso
Decepção: Xavi
O que deve melhorar: Recuperar a confiança pré-Copa e se impor
Até onde vai: semifinal

Passou o susto da estreia, quando espanhóis bateram sem parar na muralha suíça, mas ainda não chegou na África do Sul o futebol que se esperava dos homens de Del Bosque. Dois parecem os problemas: a Fúria se sentia tão confiante que desabou após a primeira derrota e até agora não recobrou sua real consciência. O sistema de jogo também deixa Xavi, o elemento fundamental, em posição incômoda. No 4-2-3-1, ele não possui vocação para ser o meia centralizado que precisa romper a marcação, o que isola o atacante e deixa um buraco, já que Xavi retorna até o meio para receber a bola. Apesar dos percalços, a questão mental parece ainda mais decisiva. Vencer Portugal com uma grande atuação se anuncia a melhor cura.

CHILE
Sistemas táticos: 4-2-3-1 / 3-3-1-3 / 3-3-1-3
Nota do time: 7,5
Nota do treinador: Marcelo Bielsa - 8,5
Melhor jogador: Alexis Sánchez
Melhor jogo: Chile 1 x 0 Suiça
Também foram bem: Isla, Carmona e Valdívia
Decepção: Suazo
O que deve melhorar: Ter mais segurança dentro de campo
Até onde vai: oitavas

Existiam dúvidas sobre a capacidade de o time de Bielsa se impor como nas Eliminatórias, mas o Chile fez exatamente o que dele se esperava. Acuou Honduras com dificuldades, envolveu a Suíça até não poder mais e fez questão de ser protagonista diante da Espanha - claro, foi suicida como se jogar de uma montanha. A dificuldade em fazer partidas seguras e resguardar sua defesa é a maior mazela desse time tão interessante. Contra adversários de médio porte, poderia ir bem longe na África do Sul. Diante do Brasil em um mata-mata, o Chile só pode fazer as malas e se dizer feliz, com razão, pela papel realizado.

SUÍÇA
Sistemas táticos: 4-4-2 / 4-4-2 / 4-4-2
Nota do time: 5,5
Nota do treinador: Ottmar Hitzfeld - 5,0
Melhor jogador: Benaglio
Melhor jogo: Suiça 1 x 0 Espanha
Também foram bem: Ziegler, Gelson Fernandes e Derdiyok
Decepção: Inler

Que um time se proponha a ser defensivo, é um direito do futebol e a Suíça se provou competente nessa estratégia. Venceu a Espanha, por pouco não segurou um empate com o Chile (mesmo cerca de uma hora com 10 jogadores) e chegou à última rodada precisando vencer a esforçada Honduras. Na hora do plano B, em que precisou de dois gols de vantagem, o defeito no trabalho de Hitzfeld apareceu. A Suíça, apesar de possuir jogadores talentosos como Inler, Barnetta e Derdiyok, não tem mecânica ofensiva alguma. Não sabe jogar à frente e acuar o adversário. Imagine a cara dos suíços quando souberam que tinham de marcar duas vezes...

HONDURAS
Sistemas táticos: 4-1-4-1 / 4-1-4-1 / 4-1-4-1
Nota do time: 5,0
Nota do treinador: Reinaldo Mendoza - 5,0
Melhor jogador: Valladares
Melhor jogo: Honduras 0 x 0 Suíça
Também foram bem: Álvarez
Decepção: Palacios

Os hondurenhos se mostraram quase uma Suíça piorada. Muita retranca, quase sempre no 4-1-4-1, e chutão para o alto para tentar achar um gol na frente. Seria mais interesse se os times fracos tentassem manter a identidade, como fez a Nova Zelândia. Jogando atrás, os hondurenhos fizeram partidas dignas contra Chile e Espanha, mas não pontuaram. Mais animados no terceiro jogo, só não arrancaram uma vitória por falta de sorte e incompetência da arbitragem. Que sirva de lição.

Um comentário:

André Renato disse...

Fala, Dassler!

Parece incrível dizer isso, mas a sensação que tenho é que o Del Bosque está perdidaço.

Ele não está conseguindo formar um meio de campo pra dois atacantes, tanto que tem aberto o David Villa pela esquerda. Nisso, ele abre o Iniesta pela direita, posição nada habitual. E completa a zona com Xavi de meia central, onde não rende, tal qual você disse.

E olha que ele tá fazendo tudo isso pra acomodar o Busquets no time! Ou ele vê algo no Busquets que eu não vejo, ou ele desistiu de David Silva e/ou Jesús Navas, porque a lógica seria jogar com Xabi e Xavi atrás, Silva/Navas na direita, Iniesta centralizado e Villa nessa estranha função pela esquerda, mas que tem dado certo (boa notícia pro Ibrahimovic, diga-se).


Abraços!
http://www.futebolaocubo.blogspot.com/